A esposa do ex-auditor-chefe da Receita Estadual em Londrina, Márcio de Albuquerque Lima, considerado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) o líder da organização criminosa que cobrava propina de empresários da região, é uma das investigadas na Operação Publicanos.
Ana Paula Pelizari Marques Lima, conforme os registros oficiais do governo, é auditora fiscal na Receita de Londrina, sem cargo de chefia, mas, na prática, exerceria função de liderança, conforme consta do inquérito policial que apura corrupção no órgão estadual. Na organização criminosa, ela seria responsável por manter contato com empresários que pagavam propinas mensais para os auditores corruptos.
As suspeitas passaram a recair sobre Ana Paula especialmente após o Gaeco ter acesso a investigações da Promotoria de Paranavaí, de 2008, quando empresários já apontavam a cobrança de propina. Aquela investigação concluiu que Lima "seria o responsável pela interlocução entre empresas corruptoras e fiscais corruptos e, ainda, que sua esposa, Ana Paula, seria conivente e atuante com tais ilegalidades, sendo a responsável pelo esquema de transferências de crédito".
Para o Gaeco, "tais fatos evidentemente corroboram as atuais suspeições que recaem sobre Márcio e Ana e permitindo, inclusive, deduzir que ambos aprimoraram suas técnicas delitivas, pois atualmente desfrutam de funções de gerenciamento e liderança, o que lhes confere maior capacidade de ‘negociação’ perante empresas e empresários que atuam à margem da legalidade tributária".
Ana Paula foi procurada ontem na sede da Receita em Londrina, mas, segundo a atendente, ela está de licença há alguns dias. Apenas o delegado-chefe poderia informar o período e o motivo do afastamento, mas ele não estava. Já Lima é considerado foragido pelo Gaeco, uma vez que sua prisão foi decretada pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanuncio, em 20 de março, mas ele não se apresentou. O advogado dele não comenta o assunto.
Até agora, 28 pessoas – incluindo 12 auditores – foram indiciadas na Operação Publicanos, entre as quais não está Ana Paula Lima. "Serão mais de 40 denunciados", disse o coordenador do Gaeco, Cláudio Esteves, sem revelar os novos nomes. A ação criminal deve ser proposta até segunda-feira.