Londrina

Ex-superintendente do HU de Londrina vai ganhar cidadania honorária

27 abr 2016 às 18:17

Ao completar 30 anos de dedicação à carreira docente na Universidade Estadual de Londrina (UEL), a médica Margarida de Fátima Fernandes Carvalho receberá nesta sexta-feira (29), às 20h, o título de cidadã honorária de Londrina na Câmara Municipal. A entrega da honraria é uma iniciativa do vereador Roque Neto (PR), com apoio da maioria dos demais parlamentares.

Com muita disposição para continuar trabalhando, aos 60 anos de idade e prestes a se aposentar do ensino da Reumatologia, Pediatria e Acupuntura e ao cuidado com a saúde das pessoas, especialmente crianças com doenças reumáticas; a doutora Margarida nem pensa em encerrar suas atividades profissionais. Nos próximos anos deve dedicar-se a um dos três caminhos que trilhou ao longo de sua carreira: administração (ela tem dois MBA em gestão pela Fundação Getúlio Vargas e, entre outras experiências, ocupou o cargo de superintendente do HU no período de 2010 a 2014); atendimento clínico ou a docência. "Continuo aberta aos novos desafios que o futuro me reserva. Não penso em parar", afirma.


Natural de São Paulo, Margarida é filha de um comerciante português e de uma professora primária, que apesar dos poucos recursos, nunca pouparam esforços para que a filha tivesse acesso a livros, enciclopédias, cursos de línguas, datilografia e materiais didáticos. Assim, no ano de 1974, ela passou em quatro faculdades: Pontifícia Universidade Católica (PUC-Sorocaba); Faculdade de Medicina de Santo André; Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. "A opção por ficar na Santa Casa prevaleceu por residirmos na cidade. Mesmo a Unicamp sendo gratuita, os custos com transporte e moradia em Campinas equivaleriam ao estudo em São Paulo", explica a médica, que viveu na capital paulista por 30 anos.


Mudança de rumos


A vinda para Londrina, em 1985, começou a ser desenhada três anos antes, em uma viagem de avião que a levou ao seu primeiro congresso brasileiro de reumatologia, onde apresentaria os primeiros trabalhos científicos na área de Reumatologia Pediátrica. Naquele voo ela conheceu Lúcio, que mudaria os rumos de sua vida, tornando-se seu marido e pai das filhas Lígia e Paula. "Eles são meus alicerces", define Margarida.


A Residência em Pediatria foi feita na própria Santa Casa de São Paulo, onde a médica cursou também sua segunda especialização: residência em Reumatologia com ênfase em Reumatologia Pediátrica. De lá para cá foram muitos outros cursos, orientações de teses e participações em bancas e congressos, mas um período, em especial, é lembrado por Margarida: "De 1993 a 1997 fiz doutorado no Departamento de Pediatria da USP (Universidade de São Paulo), paralelamente ao trabalho na UEL. Vivi momentos difíceis na vida pessoal nesse período, pois ficava em São Paulo às quintas e sextas-feiras e minhas filhas ainda eram pequenas e não compreendiam minha ausência. Não foi nada fácil, mas hoje elas entendem que o sacrifício valeu a pena", conta a médica, que atualmente preside o Departamento de Reumatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.


Outra fase conturbada, relembra, foi à frente da direção do Hospital Universitário. "Houve greves, oito trocas de secretário municipal de Saúde, dificuldades no repasse de recursos aos serviços prestados pelo hospital, especialmente os de alta complexidade e o consequente sucateamento do hospital. No entanto, nesse período tive a oportunidade de sentir o quanto o HU é querido pela população e vivenciar a paixão que a maioria dos funcionários (técnicos e docentes) tem pelo hospital."


'Pés vermelhos' - Para a pediatra, o Título de Cidadã Honorária, é um reconhecimento a todo este trabalho realizado nas três últimas décadas em Londrina. "Só tenho a agradecer a essa cidade que me recebeu de braços abertos (como diz a primeira estrofe do seu hino) e transformou os meus pés, antes amarelos, em vermelhos, com muita honra."

A importância do trabalho de Margarida Carvalho para a história da UEL e do HU é, segundo o vereador Roque Neto, a principal justificativa para a homenagem que será realizada nesta sexta-feira. "Imagine quantas crianças não receberam os seus cuidados e quantos futuros médicos não foram beneficiados com seus conhecimentos. Acho que ela representa a cidade com nobreza", defende o parlamentar.


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