Londrina

Estudantes de Londrina ainda protestam contra tarifa

12 jun 2003 às 18:24

Mal havia acabado a reunião com os estudantes do Colégio Estadual Vicente Rijo, o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Wilson Sella, seguia para o Terminal Urbano de Londrina, onde mais de 100 estudantes bloqueavam a saída dos ônibus em protesto contra o aumento da tarifa.

A manifestação começou perto das 12h30 e seguiu até 13h20 desta quinta. Como nos dias anteriores, os alunos dos colégios Vicente Rijo, Hugo Simas e Instituto Estadual de Educação de Londrina (Ieel) se reuniram no final da aula e formaram um ''arrastão'' até o terminal. Eles entraram sem pagar, ocuparam as passarelas e bloquearam a saída dos veículos no horário de maior movimento.


''Estas manifestações demonstram a falta de liderança e consciência dos jovens. Estamos tentando debater o assunto nas escolas enquanto eles dificultam a vida de quem precisa usar os ônibus para trabalhar'', criticou Sella, enquanto tentava negociar o fim do bloqueio.


Apesar da confusão, não houve registro de apreensões ou agressões. O presidente da CMTU convenceu os estudantes, prometendo que iria apresentar as planilhas no Ieel nesta sexta, às dez horas.


Durante as duas horas que antecederam o protesto, Sella participou de um encontro no Vicente Rijo, onde cerca de 70 estudantes acompanharam as explicações dele, do gerente Geral da Transporte Coletivo Grande Londrina (TCGL), Gildalmo de Mendonça, e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva.


Os três apresentaram números mostrando que, entre 21 cidades de porte médio pesquisadas no Brasil, Londrina seria a que teria demorado mais tempo para reajustar o preço da tarifa (subiu para R$ 1,60 no dia 1º deste mês). Também foram apresentados percentuais de usuários que utilizam o transporte urbano.


''Entre 62% e 64% deles ganham o mínimo e fazem uso do vale-transporte, que é cedido pelas empresas a um custo de 6% do salário. Isso quer dizer que se a tarifa for de R$ 1,00 ou R$ 2,00, a maioria vai ter os mesmos R$ 14,40 descontados do pagamento'', calculou Sella.


Os estudantes questionaram o percentual de reajuste e também compararam o preço dos ônibus metropolitanos, que mesmo depois de reajustados mês passado, continuam com o valor abaixo do transporte local (Londrina-Cambé, por exemplo, custa R$ 1,45).


''São duas situações diferentes. O salário de motorista da TCGL, por exemplo, custa R$ 1.016,00. Já os da Transportes Coletivos Ltda (TIL) ganham R$ 831,00'', disse Silva. Segundo os cálculos da CMTU, 51% dos custos da TCGL vão para o pagamento dos salários.


Silva e Mendonça estão preocupados com a possibilidade de a Justiça determinar a redução de preço da tarifa, já que o aumento salarial negociado pela categoria (18,5%) seria repassado a partir do mês que vem.


''Sugerimos que a tarifa seja mantida e que a planilha discutida com a comunidade durante os próximos meses. Caso haja mudança no valor, podemos perder o reajuste'', disse o presidente do Sinttrol. ''Se a Justiça definir mudanças, não quer dizer que não aumentaremos os salários. Significa apenas que voltaremos à mesa de negociações'', tentou tranquilizar Mendonça.

O gerente da TCGL também destacou que a empresa estaria sendo apresentada à comunidade erroneamente como o vilão da história. ''Dependemos dos cálculos dos técnicos da CMTU e não legislamos absolutamente nada em causa própria. Não há irregularidades neste processo (de reajuste)'', garantiu Mendonça.


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