Os homicídios com armas de fogo ceifaram a vida de 375 jovens entre 15 e 29 anos entre 2010 e setembro de 2015, representando 41,5% das mortes violentas de londrinenses nesta faixa etária. O levantamento consta no relatório final da Comissão Especial sobre Violência e Morte na Juventude, da Câmara Municipal de Londrina (CML), divulgado na quinta-feira (5).
A comissão foi criada para debater as situações de violência a quais estão submetidos jovens entre 15 e 29 anos e que são desassistidos por programas de combate e prevenção. Durante a execução dos trabalhos, foram coletados dados e feitos debates sobre o assunto com órgãos públicos e a sociedade civil. Ao final, o relatório propõe ações para reduzir a violência por meio de políticas públicas. Também traz um levantamento da percepção da violência pelos londrinenses, em pesquisa de campo quantitativa com 1.140 entrevistados na área urbana do município.
Segundo o levantamento, entre 2010 e setembro de 2015 foram registrados 904 óbitos violentos entre jovens nesta faixa etária, das quais 375 por homicídio com arma de fogo e sete suicídios também com projéteis. Os outros casos são relativos a acidentes de trânsito, óbitos suspeitos e outros tipos de mortes violentas.
Os números de morte são baseados apenas nos dados do Instituto Médico Legal (IML) e repassados pela Secretaria Municipal de Saúde. Porém, não permitem determinar os autores dos homicídios ou os motivos e circunstâncias em que ocorreram. Mesmo questionadas, a Polícia Civil e a Vara de Execuções Penais não responderam aos ofícios e a Polícia Militar até forneceu dados, mas informalmente e sem informatização.
O presidente da comissão, Júnior Santos Rosa (PSC), afirma não saber qual o motivo para a resposta não ter chegado, se é por falta de compilação das informações ou se pelo fato de não haver estipulado data nos ofícios. As comissões especiais, quando criadas, têm prazo para concluir os trabalhos.
Ele também afirma que as informações coletadas nas reuniões públicas demonstram que a violência está diretamente ligada ao tráfico. Por isso, nos encaminhamentos do relatório, é forte a demanda por programas que afastem os jovens desta realidade por meio de atividades esportivas e culturais, mas também evoca a participação de igrejas nos trabalhos.
Para o presidente, o desencontro nos dados dos diferentes órgãos prejudica a elaboração de políticas efetivas para mudar o quadro. Além disso, afirma que os jovens a partir dos 18 anos não têm programas voltados para eles em execução e os que são propostos pelo poder público, em todas as esferas da administração, não são devidamente efetivados, seja por falta de vontade política, seja pela falta da devida atenção a estes projetos. Por isso, o relatório ainda defende a criação de uma secretaria municipal ou coordenação para compilar essas informações e organizar os programas.