O Dia dos Avós é comemorado dia 26 de julho, nesta sexta-feira. Para entender a origem da data, é necessário visitar o catolicismo e entender a biografia de Jesus de Nazaré, filho de Maria de Nazaré.
O dia 26 já era utilizado pela igreja católica para comemorar São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria do Nazaré. Entretanto, somente no século XX é que o papa Paulo VI definiu a data definitiva como como o Dia dos Avós, com o objetivo de celebrar a sabedoria e as relações entre as duas gerações.
E essa relação é, de fato, muito benéfica tanto para os avós quanto para os netos, já que a convivência intergeracional é capaz de oferecer trocas de conhecimentos, afetos e melhorar a saúde mental dos idosos, principalmente.
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Para o médico geriatra Marcos Cabrera, a interação social passou a ser um fator muito importante para um envelhecimento saudável, podendo melhorar tanto a saúde física quanto a mental dos indivíduos.
O geriatra ressalta que, com o envelhecimento, há também uma melhora na capacidade de se ter paixão, saudade e sensibilidade, o que faz com que o relacionamento com os netos seja mais valorizado. Assim, a relação mostra benefícios para os dois lados.
“Esse convívio intergeracional é positivo porque ele faz com que os netos tenham uma fonte com mais sabedoria, com mais tranquilidade, onde a análise é diferente dos pais, que estão mais próximos da nossa geração. Então, todas as pesquisas mostram que o vínculo intergeracional é extremamente importante para os dois lados e para toda a sociedade”, comenta.
Avó de primeira viagem
Assim está sendo a experiência de Maria Irene Pellegrino, docente de Artes Visuais na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e avó de primeira viagem que está se maravilhando com as transformações diárias de sua neta.
Com 68 anos, presenciou o nascimento de sua primeira neta, Maria Alice, que está completando 24 dias de vida. Para ela, a experiência de lidar com um bebê de maneira tão próxima é nova, porque sua filha, Maria Helena, foi adotada com 4 anos de idade.
Assim que ficou sabendo da gravidez, Maria Irene conta que passou por uma auto reflexão onde analisou o tipo de avó que não queria ser. “Eu sou uma pessoa que não me preocupo com o amanhã, eu vivo hoje, então o que eu pensei foi na avó que eu não queria ser. Não queria ser uma vó babaca.”
Agora, com as duas já em casa, ela não vê a hora de poder acompanhar as transformações diárias que a neta ainda vai passar e ver cada vez mais sua personalidade aparecendo através dos gestos e eventualmente, com a fala.
“Ela já está com a personalidade se traduzindo através da gestualidade, então, o que eu acho que mais conta mesmo é essa alegria de acompanhar uma vida, que já veio construída, passar por transformações para se efetivar como uma pessoa”, descreve a docente.
Para além da felicidade com a neta, Maria Irene comenta que se impressiona com a força da filha desde que se tornou mãe, expondo sua felicidade em saber que deu o seu máximo para sua educação e que agora isso está rendendo frutos.
“Educar dá trabalho, mas quando a gente tem um propósito firme de educar alguém, não importa o trabalho, a gente faz a nossa parte. Então, eu fico muito feliz de ver a pessoa que a minha filha se tornou e agora a mãe que ela está se mostrando”, reforça.
Pazer na convivência
Ao contrário da docente de Artes Visuais , Luiz Gonzaga, de 72 anos, já tem experiência quando assunto é ser avô. O aposentado tem nove netos, sendo oito meninos e uma menina.
Hoje com 72 anos, teve seu primeiro neto quando tinha 55. Com uma diferença de idade de 15 anos entre o mais velho, de 17 anos, e o mais novo, de 2 anos, Luiz conta que a convivência entre as diferentes gerações é algo muito legal de se acompanhar, principalmente quando todos estão juntos ao mesmo tempo.
Ainda, o amor pela música e pelo violão é algo que o une com os netos, principalmente com o mais novo, que adora fazer seus pedidos de canções que quer que o avô toque. “Eu brinco bastante com violão, então, quando eu começo a tocar, esses pequenininhos se interessam, vem e pedem para eu cantar, principalmente esse de dois anos. Ele sempre que vem aqui, ele quer que eu pegue o violão.”
Na dinâmica familiar, Luiz tem netos que moram longe, como em Manaus, os que são de Londrina e ainda um neto que mora em sua casa. Mas, mesmo com as distâncias, mantém contato frequente pelo celular e tenta reunir a família toda durante as festas de final de ano.
Ele ainda compara a relação que teve com seus próprios avôs, exemplificando que, naquela época, “criança ficava pra lá e o adulto ficava pra cá” e que, hoje em dia, na sua relação com seus netos, a coisa é bem diferente, com todos ficando juntos e interagindo.
Mesmo que ache que a obrigação de criar os filhos seja dos pais, Luiz diz que não se importa de ajudar levando e buscando os netos da escola ou ficando com eles em casa. Para ele, é um prazer estar junto. “Então, eu tenho prazer nisso, de saber que eu tô contribuindo para a formação das crianças e ajudando também os pais que tão precisando."
*Sob supervisão de Fernanda Circhia