Londrina

Deficiente era mantido em cárcere privado

27 jan 2008 às 16:04

Um flagrante de cárcere privado realizado na tarde ontem pelo Conselho Tutelar da Zona Sul de Londrina expôs um drama vivido por diversas outras famílias pobres. Um jovem de 20 anos, portador de deficiência física e mental, foi encontrado trancado em casa, sozinho, sem comida e sem água. A mãe não foi localizada.

O representante do Conselho Tutelar, Luiz Bárbara, detalhou ter recebido uma denúncia anônima por volta das 15 horas e ao chegar ao endereço, na rua João Parizoto, no Vale Azul, encontrou o jovem deitado numa cama, sujo de vômito e urina, sem alimentação e sem água. Diante disso, a Polícia Militar foi acionada e teve que arrombar a porta da casa para fazer o resgate. Com atrofia dos membros, o jovem se locomove apenas com a ajuda de uma cadeira de rodas.


Uma viatura do Samu encaminhou o rapaz para o Pronto Atendimento Municipal (PAM) para ser examinado por um médico. Em seguida, ele deveria ser abrigado no Lar Anália Franco. Até por volta das 19h30, a mãe ainda não tinha sido localizada pelo Conselho Tutelar. ''Caso ela fosse encontrada, seria detida em flagrante por manter o rapaz em cárcere privado'', apontou o conselheiro. A situação seria relatada ao Ministério Público. Segundo Bárbara, a mãe recebe benefício federal de cerca de um salário mínimo para cuidar do rapaz. Os funcionários do Posto de Saúde do Jardim Piza davam assistência à família mas desconhecia as condições em que o jovem era mantido em casa.


De acordo com vizinhos, a mãe trabalharia como diarista e teria se mudado para a rua há cerca de oito meses com o filho deficiente e um outro menino de 13 anos. ''Ela vem umas duas vezes por dia para dar comida para ele e ver se está tudo bem. É uma coitada que dá duro o dia inteiro para sustentar os filhos. Sei que não é certo o que ela estava fazendo mas ela também precisa trabalhar porque ninguém dá assistência. O salário que ela recebe não dá nem para comprar as fraldas que ele precisa'', desabafou um morador da rua.


''O irmão menor toma conta dele, mas não fica o dia inteiro em casa'', comentou outro vizinho. Uma outra vizinha afirmou que até alguns meses atrás uma menina dava assistência, mas foi dispensada pela mãe porque estaria maltratando o rapaz.

Folha de Londrina


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