A poluição nos córregos da região sul de Londrina é vista pelas lideranças comunitárias como um ''caso de saúde pública''. Só esse ano, no Posto de Saúde do Jardim Itapoã, foram registrados 37 casos comprovados de dengue. No ano passado houve um surto de hepatite A com 36 pessoas atingidas. Os pontos principais de contaminação na opinião da vice-presidente do Conselho Local de Saúde, Rosalina Batista, estão numa região alagada que fica atrás do posto de Saúde e do Córrego Cristal, que divide os jardins Cristal e Novo Perobal.
A líder comunitária Isabel Cristina de Sousa, que é suplente no Conselho Municipal de Meio ambiente e integra também o Conselho Local de Saúde, disse que o Jardim Cristal não é atendido ainda pela rede de esgoto. As fossas contruídas nas casas, segundo ela, contribuem na contaminação dos lençois d' agua, além de esgotos clandestinos que desembocam no córrego. Aliado a isso, as duas líderes citam o acúmulo de lixo em fundos de quintais e nas regiões de fundos de vale. Para Rosalina e Isabel Cristina, moradores de outros bairros são os principais responsáveis pelo despejo de entulhos nos vales.
A região alagada, segundo Rosalina, é frequentada por crianças e moradores do bairro para banhos e pescarias. Uma pesquisa realizada há cerca de 5 meses pela Autarquia Municipal do Ambiente (AMA) identificou a contaminação por coliformes fecais e ainda a presença de caramujos hospedeiros da esquistossomose (barriga d'agua).
Os caramujos, como destaca Rosalina, ainda não estão contaminados, mas a presença dos moluscos põe as lideranças em alerta. A comunidade luta pela transformação do local em uma área de lazer. Eles já enviaram pedidos à Secretaria de Obras e ao presidente da AMA, Luiz Eduardo Cheida, mas por enquanto, contam apenas com promessas.
A água do Córrego Cristal, segundo Isabel Cristina, é utilizada não só para banhos, mas para a irrigação de hortas particulares. Rosalina completa dizendo que quando ocorre falta d' agua na região, os moradores têm no córrego a única fonte de água, até mesmo para o consumo. Elas reconhecem a necessidade da educação da população e comentam que projetos estão sendo elaborados junto ao Conselho de Saúde da Região Sul (Consul) para esse fim.
Leia mais em reportagem de Célia Guerra, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste domingo