Londrina

Comerciantes protestam contra demolição de quiosques

29 abr 2010 às 08:13

Comerciantes que trabalham em quiosques no Centro de Londrina protestaram, ontem, contra a notificação determinando a saída dos imóveis. Banners pretos, indicando luto, foram pendurados nas portas com críticas ao prefeito Barbosa Neto. O projeto de revitalização do Centro, que inclui também a reforma do Calçadão, prevê a demolição dos 38 quiosques da região e reconstrução de alguns deles de forma padronizada. Duas instalações já foram retiradas. A prefeitura informou que o prazo de desocupação vence em 20 de maio.

A prefeitura pretende abrir um processo de licitação para selecionar os novos concessionários dos espaços. Os atuais responsáveis poderão participar, mas sem garantia de que serão contemplados.


Uma das bancas de jornal mais tradicionais de Londrina, o estabelecimento de José Tito de Souza, na Concha Acústica, foi uma das notificadas. Há 37 anos no local, Tito, como é conhecido pelos fregueses, afirmou que não está conseguindo comer nem dormir por causa da preocupação com o destino do negócio. ''Em qualquer lugar do mundo, as bancas ficam na rua. Quem vai entrar numa loja para comprar revistas ou jornais?''


Ele lembrou que o quiosque foi totalmente reformado na época da revitalização do espaço onde fica a Concha, obedecendo ao projeto arquitetônico da reforma. ''A licitação será injusta com as bancas, pois quem tem mais poder econômico será favorecido'', acredita. A preocupação com o futuro não abandona os pensamentos do jornaleiro. ''Onde vou arrumar um emprego aos 60 anos?''


Entre os clientes, a indignação também é visível. ''Com tanto problema na cidade, inclusive no Centro, não vejo motivo para incomodar as pessoas que estão trabalhando'', questionou Dely Joaquim das Neves. A esteticista Célia Moraes, que frequenta a banca para renovar o estoque de revistas disponíveis para as clientes, conta que prefere comprar no local por causa da variedade de títulos. ''Além disso, venho aqui para conversar, encontrar as pessoas. Já arrumei até clientes durante as compras.''


Na Avenida Rio de Janeiro, Maria Aparecida Bispo também exibia a faixa anunciando o enterro de quatro famílias que dependem da renda gerada pelo quiosque de sorvete italiano. A família do marido, que toca o negócio há 40 anos, foi surpreendida pela notificação. ''Esperávamos que a prefeitura determinasse reformas, adequações ou exigisse documentação. Não imaginei que teríamos de sair'', disse ela, que espera a apresentação de alternativas para os comerciantes. ''Eles (a prefeitura) precisam pelo menos arrumar outro lugar para a gente trabalhar.''

No quiosque em frente à Catedral, Josoilson Gardiano, cuja família vive da venda de sucos naturais há 41 anos, afirmou que os concessionários dos quiosques vão continuar mobilizados. ''Esperávamos que a prefeitura nos apresentasse uma alternativa para trabalharmos, como eles fizeram com os ambulantes do Terminal.''


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