Londrina

Barbino dá detalhes do crime e diz que foi ‘humilhado’

28 ago 2004 às 01:52
Demorou dois meses e três dias para a Justiça ouvir a versão do ex-diretor geral da Concessionária Cipasa, Ibrain José Barbino, 56 anos, sobre o assassinato do dono da empresa, Ciro Frare, 67 anos. O crime foi praticado por Barbino na manhã dia 24 de junho em uma sala de reuniões da revenda, na Área Central de Londrina, mas apenas ontem o acusado prestou esclarecimentos ao juiz da 1 Vara Criminal do Fórum, João Luis Clève Machado. O autor confesso do homicídio, que responde ao processo em liberdade, declarou que teria cometido o crime porque foi humilhado e ofendido pelo empresário, rebatendo as afirmação da única testemunha ocular do crime.
O ex-diretor é acusado de homicídio duplamente qualificado: primeiro porque o crime teria sido motivado por motivo torpe em razão de que uma auditoria poderia comprovar um suposto esquema de desvio de dinheiro da empresa e da qual Barbino estaria envolvido e porque a vítima não teve chance de se defender. Se condenado, estará sujeito a uma pena que varia de 12 a 30 anos de prisão.
O interrogatório, gravado em vídeo, começou pouco depois das 14 horas. Nos primeiros 30 minutos, o réu contou a sua ''vida'' na Cipasa, desde quando ingressou na empresa, em 1965, até o momento que disparou cinco vezes contra Frare. ''Sempre tivemos um ótimo relacionamento. O Ciro era como um pai'', declarou Barbino.
As desconfianças de Frare teriam se iniciado em fevereiro deste ano, quando uma auditoria nas contas da revenda teriam apontado diferenças que somavam R$ 3,7 milhões. Quando tal diferença foi apurada, Barbino disse que também ficou transtornado e que ele próprio teria pedido que um contador de Maringá, Cidnei Aparecido Vaz (única testemunha do crime), fosse chamado para apurar os fatos. Barbino afirmou que a diferença teria sido fruto de erros contábeis e de outros problemas na contabilidade da empresa e não haveria nenhum esquema de desvio chefiado por ele.
Segundo o depoimento, um dia antes do crime, ele teria sido novamente pressionado por Ciro para justificar o desfalque e devolver o dinheiro. Na manhã do crime, já na sala de reuniões, Barbino disse que foi ofendido e humilhado por Frare. Ele relatou que saiu da sala para pegar um documento sobre movimento de caixa em sua mesa e acabou encontrando o revólver em uma das gavetas. Como temia ser agredido, ele decidiu pegar a arma para se defender e voltou para a sala de reunião. Segundo ele, ao apresentar o documento, Ciro teria amassado o papel e jogado contra a sua boca. Nesse momento, descontrolado, ele teria sacado a arma e disparado. ''Eu perdi a noção e não vi mais nada'', declarou Barbino.
A versão é oposta à de Vaz, que declarou que a reunião transcorria em clima tranquilo e harmonioso até Barbino sair da sala, retornar e, sem falar nada, disparar contra o empresário.

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