Os auditores fiscais suspeitos de integrarem um esquema de cobrança de propina na Receita Estadual em Londrina teriam criado empresas de fachada para encobrir os seus patrimônios milionários. A informação foi confirmada ao Bonde nesta quarta-feira (8) pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público, Renato de Lima Castro. Só o patrimônio do auditor Luiz Antônio de Souza, investigado pelo Ministério Público (MP) por participação no esquema da Receita e em uma rede exploração sexual de adolescentes, seria de R$ 30 milhões. Reportagem do Bonde do dia 6 de março dá conta de que Souza tem fazendas avaliadas em R$ 20 milhões (R$ 10 milhões cada propriedade). Procurado pela reportagem, o advogado de Souza, Walter Bittar, não atendeu às ligações.
De acordo com Castro, as empresas de fachada seriam utilizadas para "lavar" o dinheiro arrecadado com a propina. Outras firmas só teriam sido criadas para receber, em seus nomes jurídicos, os patrimônios dos suspeitos. A promotoria descobriu também que parte dos bens dos auditores estaria no nome de "laranjas". Informações apuradas pelo Bonde dão conta de que o MP estaria encontrando dificuldades para analisar todos os bens já identificados. O número de imóveis e veículos seria muito grande.
Conforme as investigações, os auditores possuem diversos carros importados e apartamentos de luxo localizados em áreas nobres de diversas cidades do país, como Camboriú (SC) e Rio de Janeiro (RJ). Os patrimônios, de acordo com o MP, são incompatíveis aos salários de R$ 25 mil mensais dos investigados.
Renato de Lima Castro lembrou, também, que os bens dos suspeitos já foram bloqueados pela Justiça. "A indisponibilidade é importante para que os cofres públicos sejam ressarcidos", destacou. Ela e a também promotora de Defesa do Patrimônio Pública, Leila Schimit, tem até sexta-feira (10) para concluir a denúncia contra os acusados de participarem do esquema de corrupção. Mais de 20 pessoas, entre auditores e empresários, devem ser denunciadas. O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) abriu outro inquérito nesta semana para investigar novos fatos relacionados ao esquema.
O esquema
De acordo com as investigações da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, os auditores cobravam propina de empresários que deviam impostos estaduais. Os procurados pagavam a vantagem indevida em troca da sonegação fiscal, que era "protegida" pelos fiscais envolvidos no esquema dentro da Receita Estadual.
A apuração do MP, iniciada há nove meses, aponta a existência de uma organização criminosa envolvida em corrupção ativa (dos empresários) e passiva (dos servidores da Receita Estadual). O esquema envolve ainda falsidade de documentos e lavagem de dinheiro. As investigações ainda não permitem estimar o montante do prejuízo causado pelo grupo aos cofres públicos.