Na noite desta sexta-feira (6), a Concha Acústica de Londrina recebeu, o primeiro ato inter-religioso realizado na cidade. O ato foi organizado pela Escola Cidadã Movimento Educação Democrática, com apoio do coletivo Mobiliza Londrina. Religiosos de várias vertentes participaram juntos do evento, com o objetivo de ampliar o diálogo entre diversas religiões e mostrar que as diferenças podem conviver e almejar o amor e a equidade. Cerca de 300 pessoas compareceram ao ato.
Estiveram presentes representantes do Coletivo Escola Cidadã, a reverenda Lucia Dal Pont, Presbítera da Igreja Episcopal Anglicana e integrante do Movimento Ecumênico de Londrina, a preletora da Seicho No Ie em Londrina Maria Elena Soloviov Costa, o padre Wagner Rodrigues, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz de Ibiporã, o cooperador da Igreja Comunidade Cidade de Refúgio Elson Gomes, a candomblecista, ialorixá, presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Londrina e diligente do Ilê Axé Odé Ayó Atí Oní Oyá Claudia Ikandayo, a umbandista e zeladora de Orixás Lenita de Xangô, e os músicos Gisele Almeida, Luíza Braga e Rafael Fuca.
Gisele Almeida, Luíza Braga e Rafael Fuca
Veja uma das apresentações musicais:
"Cada um tem o seu credo, sua religião. Nós acolhemos, inclusive, quem não tem religião. Só que nós estamos aqui para não apenas lidarmos com as coisas que estão fora da nossa vida material. É esse diálogo, esse ato, que vai melhorar nossa vida aqui. Porque sem diálogo, sem compreensão do outro, nós não temos como almejar vida fora deste plano ou vida melhor para todos nós. Não adianta eu ir a igreja, ao terreiro, a qualquer lugar, e não conversar com alguém da minha família, alguém do meu trabalho, promover o ódio e a discórdia. É isso que nós não queremos. Esse ato é um ato político. Fazer política é você dialogar, interagir com diverso, respeitar o outro, é você fazer política para a maioria e não para alguns", diz o organizador do ato Josemar Lucas.
"Nós queremos que o Judiciário, Executivo e Legislativo cumpram suas funções. Nós não vamos aceitar que membros do Legislativo, ao invés de melhorar serviços públicos, fiquem na perseguição e diminuição de direitos", completa Josemar.
Josemar Lucas, organizador
"Este ato inter-religioso é um posicionamento público contra o PL 26/2017 (projeto de lei municipal [da] escola sem partido), o qual pretende que a diversidade da fé, do conhecimento, do ser, da reflexão e do vivo debate não estejam presentes em sala de aula", diz trecho postado pela organização em evento no Facebook. O projeto de lei 26/2017 foi proposto pelo vereador Filipe Barros (PRB), no mês de fevereiro. Em 3 de outubro, foi deferido o requerimento de interrupção de tramitação por tempo indeterminado.
Ele destoa daquilo que entendemos como uma educação democrática. A nossa luta é pelo Estado laico. Nós estamos construindo e reforçando a laicidade do Estado. A gente sabe que na sociedade a igreja católica, as evangélicas, têm mais força historicamente, além do poder econômico que muitas religiões têm. O ensino confessional é um atraso, mas fechar o ensino confessional e abrir isso [escola sem partido], foi um retrocesso", afirma Josemar.
(Com informações do repórter Luís Fernando Wiltemburg)