Desafiando a fina chuva que caía na manhã de domingo sobre as barracas da feira dos Cinco Conjuntos (zona norte de Londrina), na Avenida Saul Elkind, oito dos 50 associados ''fundadores'' da Associação Paranaense de Auto Desenvolvimento Econômico, Social e Cultural (Apadesc) de Londrina coletavam cadastros de novos associados ''colaboradores'' da instituição. A intenção é confeccionar carteiras para os associados que quiserem usar o transporte alternativo na região, afirmou o presidente da entidade, Nilton José Breve.
A Apadesc estaria fazendo uma ''pesquisa'' sobre a viabilidade do serviço, do qual seria cobrado R$ 1,00 do associado, com intuito de disponibilizar sua frota de peruas e minivans para transporte de pessoas. Foram mais de três mil cadastros feitos de sábado até às 10 horas de ontem, relatou Breve. ''As vans farão o trajeto dos Cinco Conjuntos até o Centro, e estamos vendo quais seriam os caminhos e horários mais adequados aos nossos associados'', frisou.
A intenção da associação de cobrar R$ 1,00 de cada associado gerou polêmica em julho do ano passado, quando a Apadesc foi oficializada. Agora, depois de discussões e batalhas judiciais, a associação mobiliza-se para demonstrar que pode iniciar seu serviço de transporte.
Em um informativo distribuído junto com o cadastramento de sócios nos Cinco Conjuntos, a associação se declara criada para ''colaborar e a auxiliar a população a ter uma vida mais digna, implementando propostas e serviços os quais tragam benefícios diretos a seus associados''. O informativo destaca que para se tornar associado colaborador a pessoa não precisa ''pagar absolutamente nada''.
O advogado da entidade, Álvaro Bressan, nega que a Apadesc tenha sido criada visando o interesse de perueiros. ''A associação atua de várias maneiras e desenvolve outras atividades'', diz. ''Esse seria um convênio de transporte para o associado''. Ele ressalta que transporte coletivo de passeiros é, no parecer da Apadesc, diferente do transporte de pessoas.
''A lei 9.074 especifica que o transporte de pessoas não está sujeito à permissão e concessão do poder público'', justifica. ''Se apreenderem os veículos que transportam associados colaboradores, então terão que apreender os ônibus que transportam servidores da UEL, do Iapar, e a própria van da OAB que leva advogados até o fórum''. Ele diz que a Apadesc não tem fins lucrativos e que o sistema de cobrança para a utilização do transporte é comum em vários serviços prestados por clubes e associações.
Através de sua assessoria de imprensa, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina informou que não vai permitir o transporte irregular de passageiros através de vans e peruas. Além de irregular, a CMTU acredita que a liberação ou mesmo qualquer tolerância a esse tipo de transporte pode gerar situações de violência, como ocorre em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, e até mesmo risco à segurança dos usuários que usam esse tipo de transporte.