Há fortes indícios de que pelo menos duas multas foram canceladas irregularmente pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Cópias das duas infrações estão no meio dos inúmeros documentos recolhidos, na sede do órgão, pelos promotores do Ministério Público e pelos policiais do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na última quinta-feira (1º).
Os dois agentes, pressionados para 'quebrar' as multas, estavam em estágio probatório. Ou seja, ou os funcionários cancelavam as multas ou não seriam efetivados. A informação foi confirmada, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), pelo coordenador do Gaeco, promotor Claudio Esteves. "Por estarem em período de testes, os fiscais se mostraram mais suscetíveis à pressão", argumentou.
Pelo menos três assessores da CMTU já tiveram os nomes citados durante as investigações. A ex-coordenadora dos agentes e atual funcionária do setor de Operações da companhia, Maria do Socorro, teria feito a intermediação entre os fiscais pressionados e os diretores responsáveis pela pressão. A funcionária deixou o cargo no setor após o início da investigação.
Já o servidor administrativo do setor de Trânsito, Rogério Duque, teria determinado o cancelamento de uma multa aplicada à sua esposa por excesso de velocidade. Duque tirou licença após se ver envolvido no caso. Por fim, o coordenador de fiscalização da Lei Cidade Limpa, Maurício Teixeira, teria se auto-livrado de uma multa, após ser flagrado andando de carro sem cinto de segurança, e, além disso, estaria envolvido no cancelamento de uma infração aplicada contra o seu pai. Ele é o único funcionário envolvido que continua trabalhando normalmente na CMTU.
Os três foram ouvidos pelo Gaeco na tarde desta quinta-feira (8). Eles negaram todas as acusações.
Outros depoimentos
Antes de conversar com os três investigados, Claudio Esteves ouviu o agente Claudinei Menck na manhã de hoje. O funcionário, segundo o promotor, não chegou a ser pressionado, mas presenciou outro fiscal passar pelo constrangimento. Na saída do Ministério Público, Menck preferiu não se pronunciar sobre o assunto. "Não devo nada e, por isso, vou continuar trabalhando", limitou-se a dizer.
O promotor também ouviu, no período da manhã, o presidente da CMTU, André Nadai, e o diretor de Trânsito da companhia, Wilson de Jesus. A dupla não acrescentou novidades às investigações. Tanto um quanto o outro disseram que preferem esperar pela finalização dos trabalhos de uma sindicância aberta na companhia para analisar as supostas irregularidades.