O FotoFlores, um grupo de fotografia analógica formado por crianças e adolescentes com idades entre 10 e 15 anos, moradores do Residencial Flores do Campo, na zona norte de Londrina, está em busca de recursos para a realização da sua primeira exposição. A campanha será lançada nesta quinta-feira (24).
Por meio da plataforma Benfeitoria, que pode ser acessada clicando aqui, os apoiadores podem contribuir com valores entre R$ 15 e R$ 500, que serão recompensados com fotos exclusivas e de tamanhos variados feitas pela turma.
A campanha vai até 14 de novembro e deseja arrecadar R$ 6 mil. A quantia será utilizada para imprimir e emoldurar as imagens selecionadas para a exposição, além de adquirir mais rolos de filmes.
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Segundo o idealizador da iniciativa, o fotógrafo e advogado Gabriel Melhado, a exibição dos cliques está prevista para ocorrer entre os dias 7 e 8 de dezembro, primeiramente na própria ocupação. Em seguida, o material – composto por cerca de 50 fotografias impressas em alta qualidade – será exposto em outros espaços públicos e particulares que queiram receber a mostra. A proposta itinerante visa diversificar e ampliar o público espectador, lançando novos olhares sobre o Flores do Campo.
Ele conta que, desde a formação do grupo, em abril deste ano, os participantes se reúnem todos os sábados para registrar a realidade em que vivem. A experiência é viabilizada pelo compartilhamento de algumas câmeras analógicas e rolos de filmes doados ao projeto. O resultado é a captura de imagens espontâneas do cotidiano da ocupação. Um garoto e seu cachorro, amigos soltando pipa, a mira com o estilingue ou o chão de terra: tudo vira objeto para as lentes dos jovens. Com isso, busca-se o enriquecimento cultural dos integrantes, a criação laços de solidariedade e pertencimento, além da produção de novas narrativas sobre o bairro.
Melhado relata que os encontros tiveram início de forma natural, por interesse dos próprios moradores. "Um dia, vim até o Flores para acompanhar um evento e, quando estava tirando as fotos, alguns meninos e meninas se aproximaram e comentaram que também gostariam de fotografar. Desde então, temos nos reunido semanalmente para realizar alguma atividade relacionada à fotografia”.
A opção pelas máquinas analógicas, tão incomuns em tempos de mídias sociais e celulares com câmeras de alta resolução, se deu pela dinâmica envolvida no processo. "O número limitado de cliques exige uma atenção e um discernimento bastante grandes do fotógrafo. Outro fator é a expectativa gerada pelo tempo entre disparar o obturador e ver a foto tirada. Isso tudo enriquece e potencializa a criatividade de quem está por trás das lentes”, avalia.
O mentor do grupo destaca que, até a data da exposição, os participantes irão intensificar as atividades com aulas de revelação e passeios fotográficos pela cidade. Depois, junto a profissionais da área, eles mesmos farão a curadoria das imagens a serem exibidas, acompanharão os procedimentos de impressão e emolduragem e, finalmente, ficarão encarregados da montagem da mostra. "Em resumo, irão conhecer de perto todas as etapas do processo artístico e técnico envolvido. Enquanto isso, o trabalho do FotoFlores pode ser conferido no perfil do projeto no Instagram”, explica.
Flores do Campo - Ocupado no dia 2 de outubro de 2016 por famílias de baixa renda na luta por moradia, o residencial teve as obras abandonadas pela construtora responsável pelo empreendimento no início do mesmo ano. Projetado para abrigar 1.218 unidades habitacionais entre casas e apartamentos através do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, o bairro sofre com a falta de equipamentos públicos como escolas e posto de saúde. As ações da polícia no local também são alvo constante de reclamação dos moradores, que acusam os agentes de truculência nas operações.