O número de adoções em Londrina está diminuindo gradativamente desde 98, quando bateu recorde. Naquele ano foram 104 crianças adotadas e, desde então, o número caiu para 55 adoções em 1999, 37 em 2000 e 33 adoções em 2001. Neste ano, até agora, foram adotadas sete crianças. Antes de 1998, a comarca de Londrina registrou 66 adoções em 1996 e 55 em 1997.
Para o Grupo de Apoio de Adoção de Londrina (Gaal), uma Organização Não Governamental (ONG) que tem entre os seus objetivos informar a população sobre as formas legais de adoção, é necessário detectar o que está acontecendo. ‘Estamos fazendo um levantamento para conhecer o perfil da família adotiva de Londrina e com isso poder direcionar o trabalho do grupo. Queremos descobrir o que aconteceu em 98, que estimulou tanto as adoções’, explicou a psicóloga Priscila Ticianelli, coordenadora da Gaal.
Para a promotora da Infância e Juventude, Édina Maria de Paula, a queda no número de adoções reflete a ‘insistência’ da promotoria para que os casais se cadastrem. ‘O que acontecia muito é que as pessoas não queriam passar por cadastro e ficar na fila, pegavam a guarda judicial da criança e depois entravam com processo de adoção. O que as pessoas têm que entender é que até mesmo uma gestação tem seu tempo de espera’, explicou. O processo de adoção em Londrina, segundo a promotora, leva de um ano a um ano e meio.
Londrina também tem poucas crianças em condições de serem adotadas. De acordo com a promotora, hoje, apenas duas crianças, nenhuma delas recém-nascidas, já estão com os processos de adoção em fase de sentença. Na fila de espera para adotar uma criança estão 175 pessoas habilitadas de todo o País, incluindo a fila de Londrina, de 36 pessoas. ‘O processo precisa ser agilizado, porque enquanto se obedece a todos os trâmites legais, a criança cresce e fica dois, três, cinco, dez anos no abrigo’, avaliou.
Para a psicóloga Ana Paula Cruz de Queiróz, que trabalha no Fórum de Londrina com adoções, a própria mãe biológica muitas vezes estimula a adoção ilegal, a chamada adoção ‘à brasileira’, quando não manifesta seu desejo, frente ao juiz, de entregar o filho para adoção. ‘Há ainda uma séria resistência da mãe, é como se ela não confiasse que o juiz vai escolher a melhor família para seu filho. Por isso ela prefere entregar o filho para uma comadre ou uma vizinha e saber para onde ele foi. A probabilidade desse tipo de adoção dar errado é muito grande, porque não foi avaliado o perfil psicológico da família adotiva’, disse.
A escolha do sexo e da idade da criança é outro fator que emperra as adoções. ‘A maioria quer recém-nascido e de pele branca’, afirma Édina de Paula. De acordo com um levantamento prévio feito pela Gaal, a preferência da família adotiva de Londrina é por crianças com até dois anos. ‘Apesar da distinção de idade, não há distinção de sexo, as adoções foram bem distribuídas entre meninas e meninos’, disse Priscila.