Depois de oito anos, o PT retoma o comando da maior e mais importante cidade do Brasil. A vitória de Fernando Haddad – ex-ministro da Educação na gestão petista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff – significa a interrupção de um ciclo em que a capital paulistana foi comandada pela dobradinha PSDB e Democratas (DEM). Haddad venceu com 54,5% o candidato do PSDB José Serra, que obteve 44,4% dos votos válidos.
A última petista a governar a cidade foi a atual ministra da Cultura, Marta Suplicy, no período de 2001 a 2004. A então prefeita do PT perdeu para José Serra, derrotado hoje. Dois anos depois, o tucano deixou a prefeitura nas mãos do vice, Gilberto Kassab – à época no DEM e atualmente um dos fundadores do PSD – para disputar o governo do estado.
Fernando Haddad foi escolhido pessoalmente pelo ex-presidente Lula para disputar a prefeitura da capital. A ex-prefeita Luiz Erundina (PSB) chegou a ser escolhida candidata à vice-prefeita na chapa de Haddad, mas desistiu da vaga, que foi ocupada por Nádia Campeão (PCdoB). Erundina foi a primeira petista a governar a capital paulista.
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O prefeito eleito construiu um ampla coligação, inclusive com políticos tradicionalmente adversários do PT como Paulo Maluf (PP). No segundo turno, Fernando Haddad recebeu o apoio do PMDB do candidato derrotado no primeiro turno, Gabriel Chalita. No discurso de vitória, Haddad fez questão de agradecer ao vice-presidente da República, Michel Temer – presidente licenciado do PMDB – pelas articulações políticas em favor de sua candidatura.
No início do ano, o prefeito eleito de São Paulo deixou o Ministério da Educação para se lançar pré-candidato. Na ocasião, ela tinha menos de 5% das intenções de votos.
O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto avaliou que Fernando Haddad aproveitou o desgaste do PSDB e do DEM para alcançar a vitória. "[Esse grupo] vinha com uma administração mal avaliada e uma fadiga de quem estava [no poder] em São Paulo há mais de 20 anos".
Barreto disse ainda que não acredita em transferências de votos de Lula e Dilma para o prefeito eleito. "O maior mérito do ex-presidente Lula foi analisar o momento e impor um candidato novo mesmo que ninguém acreditasse nele."