O vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, apresentou nesta terça ao Ministério Público Estadual (MPE) representação contra o prefeito Marcio Lacerda (PSB), acusando o chefe de demitir mais de 200 funcionários que não concordaram em apoiar a candidatura do socialista à reeleição. Carvalho, que é presidente do diretório petista da capital e trava uma briga com o chefe desde o início do mandato, foi o principal defensor de uma candidatura de seu partido contra Lacerda e hoje participa da coordenação da campanha do ex-ministro Patrus Ananias (PT).
Ele levou o caso à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público sob alegação de "crime de responsabilidade" e de "uso da máquina de forma afrontosa". Junto com a representação, Carvalho entregou cerca de dez depoimentos de pessoas que ocupavam cargos comissionados - de livre nomeação - e teriam sido chamados aos gabinetes de suas chefias para que aderissem à campanha socialista. "Quem recusou, foi demitido no dia seguinte. Já foram 241 demissões", atacou. "Se fossem casos isolados, pensaríamos que era iniciativa das chefias. Mas como são dezenas, vimos que é institucional", completou o vice-prefeito.
De acordo com Carvalho, que ressaltou ter feito a denúncia na condição de presidente do PT municipal, "99%" dos demitidos são filiados ao partido. "Teve funcionário que tinha 39 anos de prefeitura. Foi fotografado fazendo campanha para o Patrus na hora do almoço e foi demitido no dia seguinte", contou.
Apesar da briga de Carvalho com Lacerda, o PT apoiava a candidatura e pretendia indicar novamente o candidato a vice de Lacerda, mas a aliança foi desfeita após o PSB recusar-se a fazer coligação proporcional com os petistas. Carvalho chegou a registrar a própria candidatura, mas, a pedido da direção nacional petista, abriu mão em favor de Patrus. Após o racha, os ocupantes do primeiro escalão da administração municipal renunciaram aos cargos.
O Ministério Público Estadual recebeu a documentação entregue por Carvalho, mas informou que a denúncia ainda será analisada. Já a assessoria de Lacerda afirmou que só vai se manifestar sobre o caso após o MPE se pronunciar.