Um mês e meio após eleições
Apesar dos dois candidatos a prefeito de Curitiba terem apostado no discurso da mudança para conquistar os votos dos eleitores, o cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que o modelo atual de administração deve ser mantido nos próximos quatro anos.
Em entrevista ao Portal Bonde, ele disse que os curitibanos não observarão grandes transformações no cenário municipal durante a gestão de Gustavo Fruet (PDT). "É evidente que houve uma derrota do grupo que está no governo, porque o candidato à reeleição [Luciano Ducci, do PSB] não foi para o segundo turno. No caso, o principal apoiador, o governador Beto Richa [PSDB], também foi derrotado. Mas o que houve foi uma derrota das lideranças e, ao mesmo tempo, uma manutenção do perfil", explicou.
Segundo ele, com a saída de Ducci da disputa, o grupo político do prefeito se dividiu. "Parte apoiou o Ratinho Junior e outra parte apoiou o Fruet. Então, haverá sim um remodelamento, mas não será absoluto", completou.
Para o cientista político, o eleitor precisa saber que a continuidade da pessoa não impede a continuidade do modelo. "O que está claro é isso. O eleitor quer a manutenção do modelo, mas não confia mais nas pessoas que hoje fazem parte dele. Não quer uma mudança radical de tudo, até porque senão teria votado em outros candidatos já no primeiro turno", defendeu.
Eleito neste domingo (28) com 60,65% dos votos válidos, Gustavo Fruet (PDT) teve como slogan no segundo turno "mudança segura". Já o candidato derrotado Ratinho Junior (PSC) dizia em suas peças publiciárias representar "a mudança de verdade".
"O posicionamento de manter o que estava bom, melhorar o que era preciso e fazer o que não foi feito, que muitos criticavam, foi fundamental para mantermos a atenção dos eleitores do [Luciano] Ducci em nossa candidatura e conquistarmos o seu apoio", defendeu o publicitário Oliveiros Marques, responsável pelo marketing do pedetista.