Bomba
Passar no vestibular é o sonho de todo jovem na faixa dos 17 anos. Para estudar em uma universidade pública, de qualidade, muitos chegam a enfrentar concorrências que superam os cem candidatos por vaga. No dia 5 de outubro, um outro tipo de 'processo seletivo' vai envolver 23.678 paranaenses: são os postulantes a uma vaga de vereador nos 399 municípios do Estado.
Por incrível que pareça, apesar de todos os benefícios de gabinete e salários astronômicos, é muito mais fácil conseguir uma cadeira na Câmara de Vereadores do que uma vaga nas universidades públicas paranaenses. A comparação é comprovada no levantamento que a reportagem do Bonde fez junto ao cadastro de candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pegando as sete maiores cidades do Paraná, a concorrência média não passa dos 20 candidatos por vaga, menor que o vestibular para o curso de Direito na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2008. Em Curitiba, são 804 candidatos para 40 vagas, concorrência de 20,1. A maior disputa fica para Londrina, que tem 405 candidatos e 18 vagas (22,5). Ponta Grossa tem concorrência de 18 por um, seguido de Cascavel (17), Maringá (16), Foz do Iguaçu (12,7) e Guarapuava (9).
Nas pequenas cidades, a concorrência é ainda menor. Em oito municípios paranaenses, a proporção é igual ou inferior a dois candidatos por vaga de vereador. As "campeãs" da baixa concorrência são Espigão Alto do Iguaçu e Nova Esperança do Sudoeste, com 13 candidatos para nove cadeiras na Câmara. Isso mesmo: apenas quatro candidatos ficarão de fora em cada uma das duas cidades, que têm cerca de cinco mil habitantes. Na seqüência vem Três Barras do Paraná e Pinhal de São Bento com 14 candidatos, Salto do Lontra com 17 e Manfrinópolis e Mariópolis com 18 postulantes a uma vaga no Legislativo.
Na análise do sociólogo Marco Antonio Rossi, cerca de 90% saem candidatos por acharem um bom negócio, para "levar adiante apenas projetos pessoais". Apesar disso, Rossi diz que é muito mais difícil conseguir uma vaga de vereador do que passar no vestibular. "O vestibular só depende de você, do seu esforço, vocação. Na eleição você depende fundamentalmente do eleitor, de investimento em campanha. Se não tiver estrutura, dificilmente se elege".