O professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), André Luis Sampaio Silvestri - especialista em arquitetura aeroportuária e que presta assessoria técnica para as três esferas de governo - considera a construção de uma nova pista de táxi no Aeroporto José Richa mais importante que o alongamento da pista para pousos e decolagens.
Às vésperas da inauguração do primeiro pacote de obras da CCR Aeroportos, concessionária que assumiu a operação em 2022 após 42 anos de gestão da estatal Infraero, o tema segue causando incômodo em líderes políticos e empresariais pela falta de perspectiva de solução.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral de Londrina ingressou com uma ação civil pública contra a União para garantir o cumprimento de um acordo de cooperação técnica firmado entre a estatal e o município em 2016.
O documento previa investimentos na estrutura do aeroporto em troca da desapropriação de áreas vizinhas pela prefeitura para permitir a instalação de um sistema de instrumentos que facilitaria o tráfego de aviões mesmo em condições meteorológicas adversas.
Tráfego em solo
Entre estes investimentos, além da extensão da pista na cabeceira mais distante do terminal de passageiros em 600 metros, havia o planejamento da construção de uma pista de táxi, via que conecta a pista principal ao pátio de aeronaves, usada para liberar o tráfego em solo e, consequentemente, no espaço aéreo.
As duas intervenções não foram incluídas no edital e não estão nos planos da CCR. Por sua vez, a Infraero se diz impossibilitada de cumprir a obrigação prevista no acordo porque não tem mais competência administrativa para atuar no aeroporto. A pista de táxi parou de ser usada este ano atendendo recomendação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) , após atualização de algumas normas de segurança.
“Até poucos meses atrás, o piloto pousava o avião e já saia pela pista de táxi. Agora, o piloto pousa, chega na cabeceira da pista e volta por ela mesma por mais de dois quilômetros até alcançar o pátio e liberar a pista. Enquanto isso, o próximo avião a pousar fica aguardando no ar, o que gera grandes transtornos”, explica Silvestri, integrante do grupo de trabalho sobre o aeroporto composto em 2019 por iniciativa do prefeito Marcelo Belinati e coordenador há seis anos de um PAS (Programa de Atendimento à Sociedade) da UEL denominado “Planos e Projetos de Planejamento Aeroportuário”, serviço que atende prefeituras, estados e governo federal.
Em relação a extensão da pista, ampliada em mais 150 metros, o especialista pondera que ainda que a intervenção melhore a segurança - quanto maior a pista mais margem de manobra -, ela não influencia no tamanho e peso máximos das aeronaves que podem usar o aeroporto, já que as atuais especificações de extensão e de qualidade de piso seriam suficientes. “Mesmo antes dessa pequena ampliação, a pista já era usada por aeronaves da classe 3C e 4C”, esclarece o professor usando siglas do mundo aeronáutico. No caso das aeronaves 4C, os Airbus 319, 329 e 321. No caso das 3C, a família de Boeings 737 e os Embraer 190 e 195.
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