O embaixador do Uruguai no Brasil, Agustín Espinosa Lloveras, está preocupado com a queda das relações comerciais entre os dois países do Mercosul nos últimos dois anos. Em 1998, o Uruguai exportava para o Brasil produtos variados como a carne, laticínios, cereais, carros, plásticos, papel e vestuário. O valor das exportações para o mercado brasileiro chegou a US$ 1,05 bilhão. Em 2000, houve uma queda de mais de 41%. As exportações para o Brasil somaram no ano passado US$ 600 milhões. "A queda foi em consequência também da desvalorização cambial da moeda brasileira. Mas temos que buscar alternativas", afirmou ele.
O Sul do Brasil é a menina dos olhos do comércio uruguaio. O Paraná é o quarto maior parceiro brasileiro do Uruguai, ficando apenas atrás do Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. "Precisamos fortalecer nossas relações e é isto que estamos fazendo aqui. Estamos vindo com missões empresariais e redescobrindo o mercado paranaense", assinalou.
Em 1998, o Uruguai exportou para o Paraná US$ 46 milhões e importou a mesma quantia. Em 2000, foram exportados US$ 34,5 milhões em produtos uruguaios e importados para o Uruguai um total de US$ 41 milhões. De janeiro a julho deste ano, foram exportados do Uruguai para o Paraná US$ 13 milhões e importados US$ 26 milhões. "A balança paranaense está em superávit. Mas estamos acumulando déficits. Queremos equilibrar isto", destacou.
O Uruguai vende para o Paraná carros, cevada, arroz, papel, plástico e trigo e compra açúcar, erva-mate, carros, carne suína, móveis e couro. A alternativa para equilibrar as finanças seria o surgimento de novos mercados, como o de reservas florestais. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) já teria sinalizado positivamente com a intenção de comprar madeira uruguaia, principalmente coníferos e eucaliptos. O Uruguai faz compensados e papel, mas não tem técnica especializada para a produção de móveis. "Podemos fazer uma parceria entre o Uruguai e o Paraná. Trocar conhecimento e vender nossos produtos juntos para mercados externos", considerou.
O embaixador disse que esta semana será decisiva para o fortalecimento do Mercosul. Reuniões estão marcadas em São Paulo e Montevidéu para buscar alternativas para reduzir as diferenças cambiais e criar um mercado comum interno.
As grandes dificuldades vividas para a união comercial entre Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai nos últimos anos foram enumeradas como: crise econômica argentina, crise energética brasileira, crise sanitária (febre aftosa) uruguaia e os ataques entre palestinos e norte-americanos, que teriam trazido restrições para as exportações na América Latina. "Vamos sobreviver a mais esta crise. Mas precisamos de ações emergenciais. Estas ações deverão ser definidas pelos nossos governantes ainda esta semana", previu otimista.