Tecnologia

Reduto formador em TI, Londrina exige mais qualificação profissional

18 jun 2015 às 22:04

Os sistemas de dados estão em toda parte. Na infinita rede de computadores, nos aplicativos de celular, nos terminais eletrônicos do banco até o caixa do supermercado e padaria. A tecnologia dominou todos os ramos de mercado e é elemento essencial para o andamento da vida moderna.

Apesar do cenário de recessão econômica, o setor de tecnologia de informação (TI) figura como exceção e não para de crescer. O mercado está entre os mais ascendentes no Brasil e no mundo e, na região de Londrina, não poderia ser diferente. Atualmente, existem cerca de 1.200 empresas em funcionamento do Norte Pioneiro até Apucarana. Segundo o Arranjo Produtivo Local (APL), 17 universidades e nove centros formadores oferecem dezenas de cursos na área.


O potencial de desenvolvimento do setor é imensurável, segundo o coordenador de curso de Ciência da Computação e Sistemas de Informação da Universidade Filadélfia (UniFil) em Londrina, Sérgio Tanaka. "Londrina é a cidade que mais possui certificações com peso mundial no Sul do País. No Paraná, temos 9 mil empresas de T.I.", diz.


Um dos fatores que contribui para a expansão de mercado são as inúmeras possibilidades de atuação. O profissional pode trabalhar com comercialização, manutenção e instalação de equipamentos, desenvolvimento de software, consultoria empresarial na implantação de redes de computadores e conectividade, só para citar algumas delas. Dentro desses segmentos, exercerá cargos de gestor de TI, gerente de desenvolvimento de sistemas, analista de produtos, programador, operador e até CEO (Chief Executive Officer, diretor executivo, em português).


Quem pretende se formar na área terá planos de carreira bem definidos, caso opte por multinacionais ou empresas de grande porte, de acordo com o diretor técnico da Exactus Software, Archibaldo Tomas Clark Vicentini. "As mais consolidadas com certeza oferecem oportunidades de crescimento, como, por exemplo, os bancos e as atacadistas", cita. Outro atrativo são os ganhos salariais, que podem atingir as dezenas de milhares, ainda conforme ele. O valor do contracheque vai depender da experiência, dedicação e especialização. "Não há piso regulamentado, mas os próprios patrões adotam um padrão. Um recém-formado receberá R$ 1.200. Um especialista em DBA [Database administrator ou administrador de banco de dados], por exemplo, é muito procurado e pode ganhar de R$ 5 a R$ 15 mil. Um programador será remunerado em até R$ 10 mil. Não existe um teto, ou seja, o salário pode atingir valores que não dá para imaginar", argumenta.


Com tantos benefícios, engana-se quem pensa que sobram profissionais no mercado. Ao invés disso, existe um déficit enorme, sentido pelos empresários no momento da seleção. "O problema está na especialidade. Há candidatos para as vagas, mas faltam pessoas qualificadas", afirma. "São raras as que possuem certificações. Ocorre que, muitas vezes, o aluno sai formado e não consegue se colocar no mercado porque não demonstra as habilidades necessárias. Alguns deles desistem e vão trabalhar em bancos e outras áreas", analisa.


Para não perder pessoas com bom potencial, o contratante as emprega da maneira como saem da universidade e as capacita posteriormente com a promoção de cursos. "Fazemos treinamento e possibilitamos que elas tenham contato com aquilo que vão desempenhar". Ter uma pós-graduação no currículo também é mais um diferencial.


O problema maior, no entanto, ocorre no começo de todo o processo: no ingresso ao ensino superior. Segundo Tanaka, a maioria dos estudantes do Ensino Médio não tem interesse pela área de Exatas. Pesquisas nacionais mostram que a concorrência é baixa em cursos que exigem conhecimentos em matemática, ainda conforme ele. "Há deficiência no ensino básico brasileiro. Por não gostar de trabalhar com números, os estudantes optam por outras áreas. Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que o setor de TI tem os salários mais promissores, mas no Brasil são os menos procurados", completa. Na UniFil, por exemplo, 100 alunos ingressam todo ano, mas 20% não concluem a graduação. "A média nacional de desistência é de 87%", enfatiza.


Técnico ou Graduação?


Não existe palavra mágica para quem busca inserção no mercado. Estudar é o primeiro passo de uma caminhada que exige esforço e dedicação. As instituições de ensino superior oferecem graduação com modalidades em tecnológico e bacharelado. Para quem tem pressa, ingressar em cursos técnicos pode ser uma boa estratégia. Mas, na prática, qual a diferença?


"Se o profissional for bom e fizer o que lhe foi delegado, não haverá diferença no salário", diz Tanaka. As especializações, certificações e o inglês, por sua vez, contribuem muito na definição do contracheque. Na hora de ser contratado, sai na frente quem tem o diploma de ensino superior, de acordo com o coordenador. "É claro que, para um recrutador que tiver dois currículos distintos, com certeza, optará pelo bacharel ou tecnológico", conclui.

Os cursos técnicos são, em geral, os mais rápidos, com média de dois anos de duração. "Na carreira acadêmica, o estudante precisa pesquisar mais, fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e estágio. Os técnicos, no entanto, ficam em desvantagem quando o assunto é concurso público. Alguns editais exigem, impreterivelmente, postulantes graduados", conta.


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