Desde a abertura da App Store, loja online de aplicativos para o iPhone, em 2008, um novo mercado na área de tecnologia começou a ganhar força: o de aplicativos para smartphones. Com a popularização desse tipo de aparelho e o surgimento de outras plataformas, surgiram inúmeras oportunidades para desenvolvedores dispostos a investir em aplicativos tanto do segmento corporativo quanto para o consumidor.
Mais amadurecido, esse mercado ainda apresenta muitas oportunidades. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), atualmente há 227 milhões de celulares nas mãos de 190 milhões brasileiros. Desse total, 12% a 15% são smartphones. E a tendência é que esse número continue a crescer em ritmo acelerado nos próximos anos. Só no primeiro semestre de 2011, as vendas desse tipo de aparelho cresceram 165% em comparação ao mesmo período de 2010.
Ainda assim, quem pretende trabalhar com o desenvolvimento de aplicativos precisa estar preparado para as novas demandas e para enfrentar a concorrência acirrada com empresas já estabelecidas. Confira abaixo a história de três empreendedores que deram certo nesse mercado e suas dicas para quem ainda pretende empreender nessa área.
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Breno Masi, da Finger Tips
Tão logo foi anunciada a criação da App Store, Breno Masi se uniu a outros cinco amigos para criar a Finger Tips. "Cada um investiu R$ 1 mil e montamos um escritório com nossos próprios equipamentos", lembra. Em três anos a empresa pulou de cinco funcionários e um faturamento inicial de R$ 500 mil para uma equipe de 100 pessoas e receita estimada em R$10 milhões em 2011.
O primeiro lançamento da empresa foi um aplicativo de jogo da velha para usuários de smartphones. Na sequência, os sócios passaram a investir também no mercado corporativo, que se tornou o foco principal da Finger Tips. "Não dá mais para fazer aplicativo por fazer. Hoje, cada um nasce de uma estratégia específica e precisa ter foco bem definido", conta Masi.
Além de aplicativos para iPhone, a companhia também trabalha com versões para tablets, televisão e Facebook. Os sócios compraram outras empresas, como uma desenvolvedora de games, e fizeram uma fusão com outro grande player do mercado, a empresa .Mobi. "No começo muita gente investiu na área, mas só alguns negócios conseguiram permanecer. Para quem quer começar agora está mais difícil, porque o mercado exige maior profissionalização", afirma.
A estratégia dos sócios da FingerTips para a empresa se firmar no ramo foi apostar em inovação e investir na qualidade final do produto. A cada lançamento de uma nova versão do iPhone ou iPad, Masi viaja para os Estados Unidos e enfrenta as longas filas para ser um dos primeiros a comprar o novo aparelho e garantir que a empresa esteja totalmente atualizada em relação ao mercado. "Nós criamos uma relação de confiança que ajudou a fidelizar os nossos clientes", diz o empreendedor. Por isso, ele destaca que para as empresas da área é essencial investir em profissionais altamente qualificados para atender ao nível exigido pelas empresas.
Veja opiniões de três empresários
Fábio Nunes, da Navita
No mercado desde 2003, a Navita começou como desenvolvedora de portais para internet, migrando em 2006 para a instalação de servidores e o desenvolvimento de aplicativos para Blackberry.
Quando aconteceu o boom do setor em 2008, a estratégia da empresa foi se diferenciar apostando em um nicho dentro do mercado de aplicativos. "Percebemos que havia muita demanda no mercado corporativo, mas que praticamente nenhuma empresa fazia a integração de aplicativos com os sistemas de gestão como o SAP", conta o diretor de operações da Navita.
Apesar disso, a companhia não deixou de investir também no desenvolvimento de aplicativos corporativos, área na qual, segundo Nunes, há tanta demanda quanto concorrência. "Muitas empresas pequenas apostaram no setor, que tem um modelo de negócio muito cruel com o desenvolvedor, porque você vende o almoço para pagar o jantar.", exemplifica.
A Navita cresceu 100% no ano passado, quando registrou um faturamento de R$ 10 milhões, e este ano espera aumentar a receita em até 75%. Para Nunes, o mercado está em fase de amadurecimento e oferece oportunidades para iniciantes, principalmente com a chegada dos tablets. Mas alerta que as empresas precisam investir na contratação e retenção de mão de obra de qualidade e buscar uma forma de se diferenciar se quiserem se solidificar no setor. "Há muita competição. Os programadores trocam uma empresa por outra por um aumento de R$ 100."
O posicionamento no mercado também deve ser planejado, já que é necessário um grande volume de vendas e giro constante para um negócio se sustentar. "Por causa da concorrência todo mundo joga o preço lá embaixo e aí as empresas não conseguem se manter", alerta.
Guilherme Santa Rosa, Mowa
Com dez anos de existência, a Mowa acompanhou a evolução do mercado de mobile. Se no início a empresa criava sistemas corporativos capazes de sincronizar informações com os computadores de mão, hoje atua no desenvolvimento de aplicativos diversos, para integrar pessoas, informações e sistemas. "É um mercado extremamente dinâmico onde a cada seis meses surge um novo paradigma", diz o diretor técnico da Mowa, Guilherme Santa Rosa.
Além dos aplicativos, a empresa trabalha no desenvolvimento de projetos completos de mobilidade, o que inclui, por exemplo, a criação de campanhas por SMS. Pensando em pequenas empresas e organizações que não têm condições de arcar com os custos dessa tecnologia, desenvolveu a Plataforma Universo, ferramenta gratuita que permite a criação de aplicativos em pouco tempo pela internet. Com 38 funcionários, a Mowa vem crescendo a uma média de 100% ao ano.
Para quem pretende entrar nesse mercado, Santa Rosa garante que há muito espaço. Mas para se destacar em meio à concorrência, ele diz ser importante investir em um nicho específico. "Há milhares de pessoas que fazem aplicativos e se você fizer uma oferta genérica, será difícil se diferenciar", diz. Ele ainda dá uma pista sobre o que pode ser tendência em um futuro próximo. "A grande onda que está chegando são transações por celular, formas de integrar o mundo mobile com o físico e permitir que as pessoas tenham acesso a diferentes contextos por meio do celular."