Sam Altman, 38, CEO da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT afirmou, nesta quinta (18), que muitas profissões existentes hoje irão desaparecer, o que seria "normal em qualquer revolução tecnológica". Ele acredita que a sociedade terá que se adaptar ao novo cenário, mas que ainda não é possível prever quais trabalhos vão desparecer e quais vão surgir.
Em passagem pelo Brasil nesta semana, o empreendedor participou de uma discussão sobre o futuro da IA (inteligência artificial) no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Segundo Altman, não é possível prever como a tecnologia irá afetar a sociedade daqui a cinco anos, mas a IA será capaz de aumentar a produtividade, possibilitando que os seres humanos sejam mais criativos e tenham mais tempo livre para executar outras tarefas.
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"A IA nunca vai bater seres humanos. Quanto às tarefas difíceis, poderemos falar 'tá bem, o que esse robô pode fazer pela gente?' Já as tarefas difíceis ainda serão para os seres humanos."
Felipe Petroski Such, programador brasileiro que compõe a equipe da OpenAI, diz que não vê essas ferramentas substituindo o trabalho -em particular, o de desenvolvedores. Para ele, a tecnologia vai possibilitar que esses profissionais trabalhem em projetos individuais.
"Daqui a alguns anos vamos rir com o fato de que achávamos que não conseguiríamos trabalhar", afirma. "Você vai trabalhar porque gosta, não porque você precisa. Você vai fazer o que seu coração quiser."
Altman disse que é normal que trabalhos desapareçam em qualquer revolução tecnológica, mas que não é possível prever quais vão sumir e quais vão surgir. No entanto, ele acredita que as pessoas terão maior produtividade.
O executivo veio ao Brasil logo após ter testemunhado no Congresso americano. "Vamos voltar com certeza, queremos que o Brasil abrace esse futuro e leve essa ideia para a frente."
Questionado pela reportagem sobre como lidaria com o desafio da desigualdade de acesso tecnológico no país, ele disse que a primeira coisa a ser feita é continuar tentando empurrar os preços da IA para baixo, para tornar o acesso mais igualitário.
Altman ainda afirmou que a maioria das pessoas do mundo não pode bancar os custos dessa tecnologia, nem para consumi-la, nem para criá-la. O papel da OpenAI nesse cenário seria baratear a IA, como o que aconteceu com os smartphones e com a internet. Ele diz ter o objetivo de "sair da bolha de San Francisco" e tornar a tecnologia mais acessível.
Ao falar sobre regulamentação, ele pediu aos presentes na plateia que aqueles que concordassem com regras mais rígidas para uso da IA levantassem suas mãos. Grande parte das 350 pessoas presentes no auditório o fizeram.
Segundo ele, a OpenAI também concorda com a regulamentação. No entanto, o executivo disse não acreditar ser possível construir uma estrutura internacional de regulamentação. Altman defende que os países criem regras próprias, considerando o contexto local.
Nina da Hora, cientista da computação e ativista negra, também participou de encontro, questionou Altman sobre a presença de pessoas negras e de fora dos EUA na equipe da OpenAI.
Em resposta, ele disse que um dos grandes erros do Vale do Silício era não ver as diferenças, e que estava animado em receber contribuições de pessoas de todo mundo. O CEO afirmou que existiam alguns negros trabalhando na companhia, mas não sabia dizer seus nomes.
Sobre os vieses da tecnologia, Altman disse que acredita que os sistemas são menos tendenciosos que os seres humanos, e que podem ser ensinados a não serem.
Também participaram do evento Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, que promoveu o evento, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Nesta quinta, a OpenAI anunciou o lançamento de um aplicativo do ChatGPT para iPhone e outros aparelhos da Apple. O programa aceita comandos por voz e está disponível na App Store para usuários dos Estados Unidos desde esta quinta-feira (18). "Vamos expandir para outros países nas próximas semanas."