O Facebook e principais aplicativos -WhatsApp, Facebook Messenger e Instagram- ficaram mais de 6 horas fora do ar durante esta segunda-feira (4). No começo da noite, usuários relataram retomada do serviço, mas com instabilidade e lentidão.
O apagão foi registrado em diversas partes do mundo: Brasil, Índia e Estados Unidos foram alguns dos países que registraram queixas dos usuários.
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Um pico de reclamações foi captado pelo site Downdetector pouco depois das 12h nas redes sociais.
Perto das 13h, eram cerca de 52 mil reclamações contra o WhatsApp, 15 mil contra o Instagram e 7.500 contra o Facebook, de acordo com o site.
Desde então, o assunto seguia entre os mais comentados no Twitter, rede social independente do Facebook que não caiu e onde a empresa se manifestou para falar que estava "trabalhando para que as coisas voltem ao normal o mais rápido o possível".
Ainda não há explicações oficiais sobre a queda das redes sociais, mas algumas hipóteses estão sendo apontadas.
O site The Verge, especializado em cobertura de tecnologia, afirma que "o problema é aparentemente" o DNS (Domain Name System, ou Sistema de Nomes de Domínio). A sigla denomina um sistema que registra os nomes do site e os seus endereços IP -que são um número identificador.
A mesma explicação foi levantada pela Kentik, especializada em análise de estabilidade e segurança nas conexões da internet. Segundo a empresa americana, a queda no Facebook foi detectada inicialmente às 12h39 (de Brasília).
O DNS funciona como uma espécie de lista telefônica da internet. Quando uma pessoa digita o site que deseja acessar (como "www.facebook.com"), é esse serviço que diz onde estão (o IP) as informações da rede social.
Uma possível explicação para esse problema no DNS tem a ver com outra sigla, o BGP (Border Gateway Protocol, ou Protocolo de Entrada da Fronteira). A internet é um emaranhado de várias redes diferentes interconectadas, e o BGP é o que mapeia essas conexões. Se o meu celular quer acessar o Facebook, é ele que dita o caminho. Um erro de configuração por parte da rede social nesse serviço teria reverberado em outros sistemas.
Com a falha, explica a empresa Cloudflare, especializada em serviços para internet, o mundo exterior não tinha como saber como encontrar o DNS do Facebook. E, sem isso, o acesso ao site se perde.
Essa hipótese, portanto, afasta -mas não descarta- a possibilidade de um ataque hacker.
O jornal New York Times, por meio de fontes do departamento de segurança do Facebook que quiseram anonimato, sustenta que a possibilidade de um ataque hacker é improvável. A explicação seria a sincronia da queda das três redes, que possuem tecnologias diferentes.
O jornal americano diz ainda que a plataforma interna de comunicação da empresa, Workplace, também saiu do ar.
Ao site Krebs on Security, Doug Madory, diretor de análise de internet da Kentik, diz que, nos últimos tempos, várias falhas como essa foram detectadas no Facebook e todas tinham a ver com alterações de configurações globais que deram errado. "Obviamente não podemos descartar um ataque hacker, mas pode ter sido um erro deles", comenta.
Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, aponta que ainda que a queda seja relacionada ao DNS, ela pode ter deixado servidores do Facebook vulneráveis a possíveis ataques hackers. "A empresa enfrenta duas crises: uma tecnológica (e possivelmente de cibersegurança), e uma outra reputacional, que afeta a confiança de investidores e usuários da rede".
Em 2019, um apagão semelhante impactou os serviços de Facebook, WhatsApp e Instagram. Na ocasião, a empresa levou mais de 24h para declarar que havia resolvido o problema e o atribuiu a um erro de configuração de servidor.
O britânico Financial Times destaca que o apagão ocorre um dia antes de uma funcionária da companhia testemunhar no Senado americano. Frances Haugen foi a responsável por fornecer os documentos internos da empresa que deram origem a uma série de reportagens do Wall Street Journal.
O veículo afirma, por exemplo, que a companhia estava ciente desde 2019 de que o Instagram, rede social da qual é dona, é potencialmente danoso para a saúde mental de meninas adolescentes.