Entre abril e junho de 2015, mais de 11,3 milhões de smartphones foram vendidos no Brasil – média de 86 por minuto. O volume representa queda de 13% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando mais de 13 milhões de celulares inteligentes foram vendidos. Os dados fazem parte do estudo Mobile Phone Tracker Q2, feito pela IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações. Em relação aos feature phones (celulares 'comuns'), o levantamento mostra que houve queda de 78% nas vendas, com 936.725 aparelhos comercializados.
"Os problemas na economia, a inflação acima de 9%, a taxa de desemprego crescente e o índice de confiança do consumidor, que está em um patamar pior do que durante a crise de 2009, são os fatores responsáveis pelo mau desempenho. O cenário piora a cada mês e acredito que não haverá recuperação breve. Em 2015, teremos apenas o primeiro trimestre com alta nas vendas", afirma Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil. Segundo ele, a única questão positiva do levantamento é a queda de apenas 7% na receita. "Isso mostra que o consumidor brasileiro não está mais tão sensível aos preços e compra produtos mais caros também. As fabricantes estão investindo e colocando aparelhos cada vez melhores no mercado", completa Munin. Porém, o analista da IDC Brasil pontua que smartphones melhores têm um ciclo de vida maior, o que também impacta o resultado das vendas.
O estudo revela, ainda, que o estoque em toda a cadeia de produção, seja de insumos ou de aparelhos prontos, nunca foi tão grande como no segundo trimestre deste ano. "A alta do dólar obrigou o mercado a adiantar as compras para fugir do repasse de preços. Agora, para o mercado girar, fabricantes, canal e varejo tiveram que usar estratégias agressivas de preço para comercializar os produtos. Não há uma referência de valores aplicados e muitas empresas fizeram verdadeiras loucuras para conseguir cumprir suas metas. Além disso, neste momento, as operadoras concentram esforços na renovação dos aparelhos de seus clientes, ou seja, observam em seus bancos de dados os usuários que adquiriram smartphones há algum tempo e propõem atualização. Se não houvesse essa movimentação, a queda no volume de vendas seria ainda maior", alerta o analista da IDC.
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De acordo com o estudo, o cenário para o restante do ano não deve ser diferente. Apenas a Black Friday e o Natal podem dar algum fôlego ao mercado. Se o dólar continuar alto, um novo repasse de preços pode acontecer nos próximos meses. A expectativa da IDC Brasil é de que 50 milhões de smartphones sejam vendidos até o fim de 2015, número que é 8% menor do que o volume comercializado em 2014. Já o mercado total, somando feature e smartphone, deve cair 24%.