A Apple, empresa que esteve à beira da falência antes de Steve Jobs reassumir o posto de presidente, em 1997, passou temporariamente ontem a Exxon Mobil, tornando-se a maior empresa em valor de mercado no mundo.
Os preços das ações deram à Apple, durante o andamento do pregão, um valor de mercado em torno de US$ 340 bilhões, superando os US$ 338 bilhões da Exxon, petrolífera baseada em Irving, Texas. No fechamento do mercado, porém, a Exxon voltou à liderança com cerca de US$ 2 bilhões de dianteira sobre a companhia comandada por Steve Jobs.
O resultado do dia culmina uma transformação da Apple ao longo dos últimos 14 anos. A empresa passou de competidora do mercado de computadores pessoais a vendedora "de tudo", de smartphones a música digital. A Apple já eclipsou a Microsoft, a IBM e a Intel. O domínio dessas companhias no setor de tecnologia nos anos 90 ajudou a jogar a Apple para a "periferia" do mercado de PCs.
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"A Apple de hoje é diferente da Apple de alguns anos atrás", disse Shaw Wu, um analista da Stern Agee & Leach. "As pessoas que compram Apple tendem a comprar muito e levar seus amigos e familiares a fazê-lo. Não há nada melhor que isso." A Apple pode até dobrar as vendas de computadores nos próximos anos, enquanto o negócio de iPhones pode triplicar, disse Wu. Se for bem-sucedido, o novo serviço de armazenamento de música e informação iCloud pode ajudar a empresa a somar milhões de novos usuários.
Jobs, que foi cofundador da Apple aos 21 anos, foi destituído do conselho em 1985. Quando retornou à companhia, 12 anos depois, ela havia incorrido em prejuízos de US$ 1,86 bilhão em dois anos. "A Apple esteve a 90 dias da bancarrota", Jobs diria tempos depois. Ele montou o retorno da empresa aperfeiçoando o design industrial da Apple, integrando estritamente hardware e software e entrando em novos mercados, como telefones, música e tablets.
O iPhone, introduzido em 2007, tornou-se o produto mais vendido da Apple e transformou a empresa na maior fabricante mundial de smartphones. Após tirar consumidores da RIM (fabricante do BlackBerry) e da Nokia, a Apple enfrenta agora o Google pela dianteira no mercado de software para celulares.
Os lucros da Apple mais que dobraram no último trimestre, para US$ 7,31 bilhões - o faturamento somou US$ 28,6 bilhões. A companhia realizou vendas recordes de iPhones e iPads - produtos que não existiam há cinco anos e hoje respondem por cerca de dois terços das vendas.
As vendas de iPhone subiram para 20,3 milhões de unidades no último trimestre, impulsionadas pela demanda externa, especialmente da China, segundo a Apple.
A companhia estimulou o crescimento recente com uma nova versão de seu sistema operacional para computadores Mac chamado OS X Lion. O novo serviço iCloud, por sua vez, permitirá que os usuários armazenem, sincronizem e acessem arquivos de diferentes aparelhos Apple.
Em baixa. Enquanto isso, a Exxon viu seu papel cair depois de ser negociada a mais de US$ 85 em julho, acompanhando a queda do petróleo em Nova York. O preço do óleo bruto caiu a US$ 75,71 o barril na terça-feira, preço mais baixo desde 29 de setembro, em base intradiária. No ano passado, a Exxon adquiriu a XTO Energy para explorar depósitos de gás natural em xisto na América do Norte e está procurando comprar mais reservas de gás.
"As duas coisas que definitivamente afetaram a Exxon foram a queda dos preços do petróleo e a crescente dependência de gás natural", disse Philip Weiss, analista da Argus Research, que recomenda o papel da empresa.