O programa de Mestrado em Odontologia da UEL acaba de concluir uma pesquisa inédita sobre "O uso de tecnologias móveis no tratamento odontológico para comunicação com o paciente surdo", de autoria da cirurgiã-dentista Valéria Avelar, sob orientação da professora Maria
Celeste Morita, do Departamento de Medicina oral e Odontologia Infantil da Clínica Odontológica da UEL (COU).
A dissertação de mestrado, defendida em fevereiro deste ano, resultou no Aplicativo Odontolibras que pode ser usado em celulares e tablets, auxiliando o cirurgião-dentista no atendimento e tratamento do paciente surdo. Segundo a professora Maria Celeste, o projeto de desenvolvimento do protótipo exigiu uma atuação conjunta dos Departamentos de Odontologia, Ciências da Computação, Design Gráfico e Letras/Libras.
Durante a pesquisa, o aplicativo Odontolibras foi testado em pacientes surdos e funcionou muito bem. Agora é preciso investimentos para que ele seja aprimorado e disseminado para outras universidades. "Nosso objetivo é ver esse aplicativo sendo utilizado nos 219 cursos de Odontologia existentes no Brasil", destaca a professora Maria Celeste. "O pontapé
inicial já foi dado, o aplicativo já existe e foi testado com sucesso", acrescenta Maria Celeste.
Leia mais:
Kindle ganha versão com tela colorida pela primeira vez com foco em quadrinhos e mapas
Alexandre de Moraes determina desbloqueio do X no Brasil
Doodle do Google celebra pipoca com jogo interativo no estilo battle royale
Duolingo recebe conversas em tempo real com IA para melhorar aprendizado
Segundo Valéria Avelar, futuramente, esse aplicativo poderá ser estendido para outras áreas de saúde como: medicina, fisioterapia e psicologia. "Imagina o constrangimento de uma paciente surda que vai ao ginecologista e dependente totalmente de um intérprete. E quando a
consulta é com um psiquiatra ou psicólogo? Essas limitações fazem com que muitos surdos deixem de procurar esse tipo de tratamento que pode ser extrema necessidade para eles", observa.
Como funciona
Não é tarefa fácil traduzir em palavras uma ferramenta essencialmente visual. Imaginem a tela de um celular, na parte de cima aparece a imagem de uma extração de dente, na parte de baixo, o professor Antônio Aparecido de Almeida, que é surdo e ministra aulas de Libras na UEL, traduz para a linguagem dos surdos o que a imagem mostra.
Com um toque na tela o paciente diz para o dentista se entendeu ou não o procedimento. E desta forma novas telas vão surgindo.
O aplicativo é composto de quatro etapas:
1. Acolhimento do paciente que consiste no contato inicial entre dentista e paciente, por exemplo, "Bom dia, como vai?, entre, sente na cadeira".
2. Anamnese que consiste na entrevista (consulta) realizada pelo cirurgião-dentista.
3. Prevenção, na qual o profissional vai orientar o paciente como prevenir doenças bucais.
4. Tratamento, na qual o dentista vai explicar ao paciente todas as fases.
É importante ressaltar que as imagens não são estáticas. Elas possuem movimentos que ilustram em detalhes o procedimento ao qual o paciente será submetido. É como se o paciente assistisse a um vídeo narrado na linguagem dos sinais. Com isso, a participação de uma terceira pessoa (intérprete) só é necessária em casos bem específicos, dando mais privacidade e independência na relação entre o profissional e o paciente.
Todo o processo metodológico da pesquisa foi registrado em vídeo que reúne oficinas realizadas com professores de Odontologia, de Libras e intérpretes para a criação de sinais de termos odontológicos que não existia em Libras como, por exemplo, extração de dentes, cáries, implantes, tratamento de canal, etc. Vale ressaltar que a Odontologia possui mais de 5 mil termos técnicos.