No universo da inovação e do empreendedorismo, capital é um dos itens mais importantes para o sucesso da nova empresa. Da mesma forma, a ausência e a escassez dele podem impossibilitar a continuidade da proposta inovadora.
Até poucos anos atrás, capital era sinônimo de bancos. Inovações radicais como as startups do setor financeiro, fintechs, e cooperativas de crédito mostraram que havia muitos caminhos inexplorados e com grande chance de sucesso.
Enquanto as startups caracterizam-se pelo risco elevadíssimo, agressividade na condução dos negócios e elevada concentração, as cooperativas de crédito evidenciaram que é possível mudar a relação entre capital e pessoas. Baseadas em premissas como a cooperação e o compromisso com a comunidade, as cooperativas de crédito vêm alcançando números expressivos em todo o Brasil.
2021 foi um ano de muitos desafios para todos, mas a Cresol soube lidar com os desafios e cresceu. As cooperativas filiadas ao Sistema Cresol Baser creditaram R$ 28 milhões de juros ao capital social dos cooperados. No cooperativismo de crédito, o patrimônio é formado pelo capital social de empresas e pessoas físicas que contribuem para o funcionamento da instituição. É uma espécie de poupança que retorna para o associado por meio do pagamento de juros. No total, são 260 mil cooperados fazendo parte do Sistema.
Acompanho a agonia de muitos empreendedores para obter recursos para seu negócio. Eu mesmo já passei por isso quando empreendi outras duas vezes. Obter recursos é dos processos mais necessários e complexos para qualquer empreendimento. Desde microempresas até grandes firmas. Em instituições como a Cresol essa tarefa fica mais fácil porque ela foi criada para simplificar o acesso aos recursos financeiros. O capital social das cooperativas de crédito é uma fonte de recursos com menor custo para o empreendedor, pois possibilita que os cooperados obtenham linhas de crédito com prazos maiores de pagamento.
Quando a nova empresa está situada ou tem o seu mercado consumidor em pequenos centros urbanos, a importância de cooperativas como a Cresol é ainda maior porque se estabelece uma relação quase de vizinhança, na qual o cooperado vê diretamente onde e como os recursos estão sendo investidos. Muito diferente de startups que se valem de conceitos abstratos e difusos, como criptomoedas, sem conexão com o local e as pessoas que ali habitam, para realizar seus negócios.
Já disse aqui mais de uma vez que tecnologia é muito importante e bonito de se ver, mas ela tem maior relevância quando seus benefícios contribuem para o bem-estar social e não de poucas empresas nacionais e estrangeiras que mal conhecemos. Da mesma maneira, a inovação mais importante é aquela que agrega à coletividade por meio do trabalho colaborativo realizado para atingir objetivos em comum. Essa é a minha definição para inovação social, uma forma de inovação presente na Cresol e que será tema de muitas outras colunas minhas ao longo desse ano ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.