A Sercomtel Celular pode comprometer a saúde financeira da Sercomtel S/A Telecomunicações, que opera a telefonia fixa no município, colocando-a em risco, na opinião do presidente da operadora, Francisco Roberto. Para competir de igual para igual com as concorrentes que começam a operar no mercado, após a abertura do setor de telecomunicações, a empresa de celular precisará investir cerca de R$ 18 milhões nos próximos quatro anos, segundo ele.
Como não dispõe desse montante, o aporte terá que ser feito pela Sercomtel telefonia fixa. O dinheiro será usado na migração do Serviço Móvel Celular (SMC) para o Serviço Móvel Pessoal (SMP) e na troca de equipamentos e torres das estações radiobase. O novo sistema, que começa a ser adotado pelas operadoras a partir do próximo ano, amplia a quantidade de canais disponíveis.
Todas as empresas de celular do País serão obrigadas a migrar para o SMP até 2005, sob pena de perder a concessão de celular móvel. Aliás, apenas para obter a concessão do novo sistema a Sercomtel Celular precisará pagar R$ 1 milhão à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "Essa demanda financeira vai comprometer o desempenho da empresa de telefonia fixa, dificultando sua permanência no mercado", afirma Francisco Roberto.
Por enquanto, a situação da Sercomtel Celular ainda é confortável, segundo ele. "Temos qualidade de serviço e bom preço. A empresa tem conseguido concorrer com a Global Telecom e conta hoje com 50 mil aparelhos em operação", diz Francisco Roberto. Mas depois que a TIM Celular entrar em operação, em janeiro de 2002, o fôlego da Sercomtel pode ser abalado. "Não temos condições de disputar com empresas que compram 1 milhão ou 2 milhões de aparelhos celulares para investir em campanhas de marketing para atração de clientes".
As atuais parcerias com a TIM também devem acabar, como a que permite que a tarifa cobrada em toda a região cujo DDD (Discagem Direta à Distância) começa com 43 seja local. "A TIM passa da condição de parceira para concorrente. Vamos perder competitividade", afirma Francisco Roberto. A TIM obteve licença para operar a banda D de celular em Londrina e Tamarana. No restante do País, a empresa continuará operando a banda A.
Outro problema deverá ser enfrentado pela Sercomtel brevemente, quando entrar em operação no Brasil o celular de 3ª Geração (3G). Com o sistema, o aparelho vai funcionar como um microcomputador, fazendo transmissão de dados, voz e imagem. "Por enquanto essa tecnologia só está sendo usada na Europa. Mas as empresas de telefonia de todo o mundo devem investir US$ 500 bilhões para usar o 3G. Nessa ocasião, novamente a Sercomtel terá dificuldades para fazer os investimentos", prevê Francisco Roberto, que defende a venda imediata da "Celular".
A Prefeitura de Londrina negocia a empresa com a TIM Celular. Franciso Roberto prefere não revelar o valor da Sercomtel Celular. "Estamos elaborando um edital para a licitação de uma consultoria que vai fazer a avaliação. É preciso vender a empresa até outubro deste ano, antes que a TIM entre no mercado. Senão podemos sofrer um processo de desvalorização", afirma.
O presidente da empresa disse que 10% do valor da venda serão reinvestidos na operadora de telefonia fixa a fim de capacitá-la para conquistar novos mercados. "Como empresa pública não conseguimos liberação de financiamento para poder concorrer com grandes grupos", afirma Francisco Roberto. A Sercomtel Celular não pode ser vendida em bolsa por não ter registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Neste mês o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), revelou o conjunto de obras que pretende realizar com o dinheiro da venda da Sercomtel Celular, caso o negócio seja concretizado. Ele defende a elaboração de um Plano de Investimentos e garante que não vai gastar dinheiro para o custeio da máquina ou pagamento de dívidas.
As prioridades são a construção de um complexos de lagos na região e a reformulação da área central de Londrina, abrangendo a Praça Rocha Pombo e toda a área em volta do Terminal Urbano. Com o dinheiro a prefeitura também pretende fazer uma transposição no cruzamento das avenidas Higienópolis com a a Juscelino Kubitscheck, além da pavimentação em bairros e distritos e construção de creches.