Rural

Rentabilidade do algodão supera a da soja

25 jun 2003 às 21:20

Produtores paranaenses de algodão comemoram a boa safra que terminam de comercializar. Como a colheita do Estado acontece antes da entrada da safra brasileira, os cotonicultores garantiram preços médios de R$ 20,00 por arroba do algodão em caroço. Hoje, com a finalização da colheita no Mato Grosso, maior produtor nacional, o produto está cotado a R$ 16,50.

Apesar da queda, o valor ainda é atrativo. Durante a colheita paranaense do ano passado, a arroba custava R$ 10,00. ''Para os pequenos produtores, o algodão se tornou melhor opção que a soja'', avaliou Almir Montecelli, presidente da Cooperativa Central do Algodão, em Ibiporã (14 km a leste de Londrina), e da Associação de Cotonicultores Paranaenses (Acopar).


Ele revelou que o pequeno produtor - utilizando mão de obra familiar na colheita manual e práticas de manejo que reduzem a utilização de defensivos - tem custo de 83 arrobas por hectare (ha). A produtividade média do Estado é de 206,6 arrobas, o que garante um lucro de 123,6 arrobas que, ao preço de hoje, renderiam ao produtor R$ 2,04 mil por hectare. ''É muito mais que a soja'', comparou Montecelli. Segundo ele, a oleaginosa traz lucros de R$ 1,3 mil por ha.


Mesmo os médios produtores de algodão, cujo custo aumenta para 104 arrobas por ha, conseguem melhor rentabilidade que a soja. ''Nesse caso, o ganho é de 1,7 mil por ha'', calculou.


Nos últimos três anos, graças à adoção de novas tecnologias, a produtividade do Estado passou de 124 arrobas por ha para 206,6 arrobas por ha. O custo, por outro lado, é extremamente competitivo nas pequenas áreas, predominantes para a cultura no Paraná. No Mato Grosso, maior produtor nacional, o custo de produção é de 166 arrobas por ha, para uma produtividade de 206 arrobas por ha.


Segundo o presidente da Acopar, a maior parte dos produtores paranaenses realiza colheita manual com utilização de mão de obra familiar. Além disso, adota práticas de manejo possíveis apenas para espaços menores, já que dependem da observação diária da lavoura. Entre os exemplos, ele cita a capina do mato e catação de gazulas (botões florais infectados por pragas). ''Isso evita a utilização de inseticidas'', afirmou.

Diante desse cenário positivo, a expectativa da associação é que a área da cultura aumente de 29 mil ha para 50 mil ha na próxima safra. O aumento é expressivo em percentuais, mas, para Montecelli, significa pouco em volume. ''O Paraná plantava 500 mil hectares há dez anos'', recordou. Com a expansão para o Mato Grosso, o algodão acabou perdendo no Paraná espaço para a soja.


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