A quebra na segunda safra de milho no Paraná, que já chega a 1,5 milhão de toneladas, afeta uma das principais tradições culturais e gastronômicas do Norte Pioneiro. Pela primeira vez, em mais de duas décadas, a Festa do Milho de Santo Antônio da Platina teve de ser cancelada por falta de matéria prima. O evento estava marcado para acontecer nos dias 21, 22 e 23 de junho.
A festa é organizada pela Associação de Promoção Humana Platinense, uma entidade do terceiro setor que mantém convênio com a prefeitura para atuar na assistência à população em situação de vulnerabilidade social. A renda obtida com a venda dos produtos feitos à base de milho é revertida para a compra de cestas básicas e para custear outras atividades desenvolvidas pela associação ao longo do ano.
Para se ter uma ideia da dimensão, o evento reuniu, no ano passado, 700 trabalhadores voluntários e foram comercializadas mais de sete mil pamonhas. A entidade organizadora não soube precisar o público reunido na última edição, mas afirmou que a festa atrai visitantes não só do Norte Pioneiro, mas até da capital. “É uma festa tradicional da cidade. Em mais de 20 anos, só não foi realizada em 2020 e em 2021 por causa da pandemia”, disse a coordenadora da associação, Aguida Tramontim Vale.
O caráter solidário da festa não se resume ao trabalho voluntário nos três dias de evento e na distribuição dos recursos angariados e começa ainda no campo. O milho utilizado na produção das famosas pamonhas, assim como do curau, do bolo, da sopa, do suco e de outras delícias é cultivado nas terras da família do produtor rural Luís Carlos da Silva, que também é secretário municipal da Agricultura e do Meio Ambiente.
Silva doa as sementes, separa uma parte da área de plantio para o seu cultivo e cuida da lavoura. A colheita é feita por funcionários e voluntários arregimentados pela associação. Em 2023, foram colhidas 750 sacas e, segundo Vale, já houve perdas acarretadas pela estiagem. “O milho estava muito pequeno e não estava rendendo. Os funcionários e voluntários da associação foram colher um pouco a mais para poder produzir para a festa”, contou a coordenadora. Neste ano, a falta de chuvas se agravou e tivemos que cancelar a festa.”
Estimada inicialmente em 14,7 milhões de toneladas, o milho safrinha contabiliza perdas de 10,5% até o momento, volume que corresponde a 1,5 milhão de toneladas. No boletim informativo divulgado no último dia 29 de maio pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura, a produção foi revisada para 13,2 milhões de toneladas. Os prejuízos da quebra da safra para a economia paranaense somam R$ 12 bilhões.
Leia a matéria completa na Folha de Londrina