Rural

Qualidade do café é questionada

30 mai 2001 às 10:15

Os cafeicultores paranaenses alertam a população sobre a qualidade do café que estão consumindo. Segundo o presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores (APAC), Ricardo Strenger, as indústrias estão aumentando a mistura de café robusta ao arábica em até 50% e o resultado é uma drástrica redução na qualidade do produto e prejuízo à saúde humana, afirma.

Isso porque o café robusta, de pior qualidade, tem concentração elevada de cafeína e o limite aceitável seria de 30%. Para orientar melhor o consumidor, os cafeicultores defendem a adoção de um rótulo na embalagem do café, que indique qual o percentual de café arábica ou robusta que está sendo utilizada naquele produto. Inclusive existe um projeto de lei, do deputado federal Abelardo Lupion, que se aprovado, a rotulagem pode virar lei. As indústrias podem ser obrigadas a colocar um rótulo no café, contendo o percentual de mistura, exigência do Código de Defesa do Consumidor para diversos produtos menos para o café, questiona Strenger.


O aumento do consumo de café robusta pelas indústrias vem ocorrendo tanto no Brasil como no mundo inteiro, alerta. Segundo Strenger, isso vem ocorrendo em consequência da expansão do plantio de café robusta na Ásia, e também nos Estados brasileiros do Espírito Santo e Rondônia. Com o plano de retenção do café, a situação se agravou.


Enquanto os países produtores de café arábica, como o Brasil, mantinham seus estoques com o Plano de Retenção do Café, países como o Vietnã que produzem essencialmente café robusta não deixaram de vender seus produtos no mercado externo, a preços bem mais baixos. Essa postura também vem contribuindo para a queda de preços do café internacional, explicou Strenger, ao alertar que se nada for feito estará havendo um deslocamento da produção de café da América do Sul e América Central para a Ásia.

Também aqui no Brasil o Ministério da Agricultura manteve estoques com café arábica, abrindo espaço para a expansão do café robusta no mercado interno, que vale a metade do café arábica, sem que a indústria repasse essa redução ao consumidor final. Atualmente o café arábica está cotado em R$ 120,00 a saca e o robusta, R$ 50,00 a saca.


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