Preocupados com o excesso da produção leiteira no Paraná, produtores da região de Londrina se unem para incentivar o consumo do leite e seus derivados. Durante a 47ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, que se realiza de 5 a 15 de abril, a Associação Norte Paranaense de Produtores de Leite (ANPPL) está organizando uma programação que inclui palestras, mesas redondas, leilões e encontros com produtores. O público consumidor poderá degustar diversos produtos em que o leite aparece como ingrediente principal. O objetivo é informar os consumidores sobre a qualidade da produção regional e, com isso, fazer com que o leite seja consumido aqui mesmo, agregando valores à produção, além de viabilizar as propriedades que já trabalham com o produto.
A idéia de incentivar o consumo de leite também é baseada num estudo recente não oficial do Fundo Monetário Internacional (FMI) - ''O mito da estagnação da renda pós-reformas no Brasil''. Economistas apontam redução do percentual de gastos com comida à medida que a renda aumentou entre 1987 e 2003. Entre os 10% mais pobres, por exemplo, os gastos com alimentos eram de quase 45% em 1987 e 1988, e caíram para pouco mais de 25% em 2002 e 2003. Um dos fatores que pode explicar parte da redução dos gastos com alimentação é a queda relativa dos preços em relação a outros bens no período. ''Queremos fazer com que as pessoas invistam mais na alimentação e esse alimento pode ser o leite'', afirma o presidente da ANPPL, Louis Baldraz.
Segundo a associação, a produção no estado é bem maior que o consumo. Dados do IBGE de 2005 apontam para a retirada de 2,5 bilhões de litros de leite por ano. No Brasil, os números atingem a casa dos 24,5 bilhões de litros/ano.
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Rebanho - O rebanho do país é de 20,3 milhões de cabeças. No Paraná estão 1,4 milhões de animais, só na região de Londrina são 72.300 cabeças de gado leiteiro, produzindo um total de 56 milhões de litro/ano. Essa eficiência produtiva, como destaca Baldraz, deve-se ao solo fértil, que garante a boa produção de alimento, como o milho para silagem e o sistema de confinamento praticado pelos criadores. A alta produção genética e a ordenha mecânica colaboram para a qualidade do produto.
Preços - Apesar da boa produção, os preços preocupam os criadores. A concorrência com o leite vindo de outras regiões produtoras tem interferido no valor pago. Os preços hoje variam de R$ 0,95 o litro do leite integral e R$ 1,10 o litro do leite B. O programa do governo estadual Leite das Crianças paga R$ 0,86/litro. Dados do Conseleite indicam um preço médio em março de R$ 0,5144, valor considerado baixo pelos produtores. O custo de produção é alto. Na alimentação do gado, gastos com a compra de milho representam 60% das despesas, compara Baldraz. E, seguindo a lei da oferta/procura, quanto maior o volume do produto ofertado, mais baixo o preço se mantém. ''O governo fala em aumentar a área de produção, mas é preciso produzir de forma ordenada e ter para quem vender'', aconselha o produtor.