O produtor de soja Gilberto Zardo, de Ponta Grossa, Região Central do Estado, vai entrar na Justiça contra a Aventis, fabricante do fungicida Rhodiauran que está matando as lavouras de soja no Paraná e demais estados produtores. A multinacional é resultante da fusão Hoechst-Schering-Agrevo do Brasil e Rhone Poulenc-Agro Brasil Ltda, ex-Rhodia, duas multinacionais européias que faturam US$ 460 milhões por ano no Brasil, segundo o mercado.
Ele está inconformado com os prejuízos causados pelo fungicida em sua lavoura de soja que este ano atingiu 110 hectares na propriedade localizada em Carambeí, região de Ponta Grossa. Zardo disse que não concorda com a proposta da multinacional de repor as sementes perdidas e os insumos. "Eu acho um absurdo porque eles não estão computando a mão-de-obra que eu tive, o custo do maquinário como hora-máquina e o diesel e ainda o custo de oportunidade do plantio de milho safrinha." Com o replantio da soja, não será possível plantar o milho safrinha como o produtor vinha prevendo.
Zardo calcula que se aceitar o acordo proposto pela Aventis e tudo der certo na condução da lavoura ou seja não vai enfrentar problemas com redução de produtividade, mesmo assim vai perder em torno de R$ 50 mil com a falta de remuneração dos ítens descritos. Agora, se plantar fora de época, já que o período indicado está se esgotando e a lavoura apresentar redução de produtividade, os prejuízos ficam além de R$ 100 mil.
O produtor disse que já está providenciando toda a documentação necessária, como a fotografia de toda a área atingida, e acompanhamento da lavoura com laudos técnicos, assinados por engenheiros agrônomos especializados. Adiantou que vai entrar na Justiça em Ponta Grossa.
Na Federação da Agricultura do Paraná (Faep), a orientação é que "um mau acordo às vezes vale mais do que uma boa demanda". De acordo com o assessor econômico Carlos Augusto de Albuquerque, o agricultor precisa analisar rapidamente o que mais lhe convém. "Se é um produtor que depende de financiamento para plantar, não pode ficar anos esperando por uma decisão judicial. Ele precisa plantar sob pena de se inviabilizar definitivamente", justificou.
As cooperativas por sua vez estão tratando o assunto com reservas. Todas estão muito preocupadas com o problema e estão negociando alternativas com os fornecedores. Elas não estão pensando em entrar na Justiça, adiantou Flávio Turra assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Ele disse ainda que a preocupação maior das cooperativas é com relação às plantas que não morrem e podem apresentar doenças para frente.