O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Deni Schwartz, envia nesta quarta-feira ao procurador de Justiça do Paraná, Saint-Clair Honorato dos Santos, e ao delegado estadual do Ministério da Agricultura, Gil Bueno de Magalhães, documento contendo informações detalhadas sobre a entrada de sementes de soja transgênica no Estado e pedindo providências para o problema.
O cultivo comercial de transgênicos no Brasil é considerado crime. De acordo com o documento, amostras de quatro lotes de soja analisadas pela Universidade Federal do Paraná, a pedido da Secretaria da Agricultura, acusaram a presença de organismos geneticamente modificados. Três lotes foram comprados de produtores de sementes do Rio Grande do Sul – tradicional fornecedor do Paraná – e um do Mato Grosso do Sul.
Segundo o agrônomo responsável pelo setor de transgênicos da secretaria, Alvir Jacob, técnicos dos núcleos regionais do órgão visitarão ainda esta semana as lavouras cujos proprietários compraram as sementes ilegais para verificar o destino do material.
Até agora, apenas campos situados em Toledo (Região Oeste) e semeados com grãos para uso comercial foram interditados. De acordo com Jacob, o mesmo deve acontecer em uma pequena propriedade de 4 hectares situada em São Mateus do Sul (Região Sul), também semeada com grãos compradas de um comerciante de Canoinhas, Santa Catarina.
A ocorrência será imediatamente comunicada às secretarias de Agricultura do Paraná e de Santa Catarina para o desencadeamento de uma ação integrada contra a disseminação da prática. Segundo Jacob, deve ajudar bastante nesse trabalho o termo de cooperação técnica na área de defesa sanitária vegetal já firmado entre os dois estados.
Esta é a primeira vez que o Paraná detecta a presença de transgênicos em sementes adquiridas para a sua lavoura. O cultivo comercial de transgênicos é considerado crime no Brasil – segundo maior produtor mundial de soja - porque ainda não está devidamente esclarecido o impacto dos produtos e subprodutos alimentares geneticamente modificados sobre a saúde humana. Também por causa disso, os países da União Européia, que compram do Brasil alimentos para uso humano e animal, não aceitam o ingresso de transgênicos em seu território.