Mais de 80 pesquisadores assinaram uma carta contra a comercialização da soja transgênica, que foi entregue neste sábado ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, por intermédio de assessores, durante sua visita à 43ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina.
O objetivo do grupo é derrubar a medida provisória 113/03 que libera a venda deste grão e impedir o cultivo de semente geneticamente modificada nas próximas safras.
Segundo o engenheiro agrônomo e mestre em agricultura ecológica Carlos Armênio Khatounian, os pesquisadores estão preocupados com o risco que essa soja pode oferecer à saúde pública.
''Não existe nenhum estudo que comprove a inocência do produto. Sua comercialização interessa basicamente a uma multinacional e a alguns agricultores'', justificou.
Para convencer o presidente, eles desbancam a propaganda de produção e lucro maior e alertam para a ameaça de suicídio comercial.
Na carta, os opositores à soja transgênica afirmam que agricultores do meio oeste norte-americano já concluiram que a alteração genética da semente reduz a produtividade entre 5% e 7% e que ela é preterida em relação à soja tradicional.
''Este ano, o Brasil deve alcançar o posto de maior exportador de soja do mundo e empurrar os Estados Unidos para o segundo lugar. Isso só foi possível porque mantemos as restrições à forma transgênica. Sem essa diferença, seríamos apenas mais um no mercado.''
De acordo com Khatounian, a colheita do grão deve terminar em, no máximo, um mês e agricultores do Rio Grande do Sul já adiantaram que pretendem utilizar a semente transgênica no próximo ano.
Embora, não saiba quantificar o número de adeptos a essa variedade no Brasil, o agrônomo acredita que cerca de 50% de toda lavoura gaúcha é transgênica.
''Graças à pressão da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e à vigilância da Secretaria de Agricultura, pouquíssimas áreas do Paraná estão nesse grupo'', assegurou.