Rural

Pequenos produtores fazem o Grito da Terra

07 ago 2001 às 18:40

Cerca de mil pequenos agricultores e assalariados rurais devem participar de uma manifestação nesta quarta-feira, em Curitiba, para marcar o 6º Grito da Terra Brasil - Paraná. Como nos anos anteriores, os agricultores protestam principalmente contra a falta de recursos e financiamentos para o setor.

Pequenos agricultores de todo Estado se reúnem a partir das 8 horas na Praça 29 de Março, em Curitiba, e seguem em passeata até o Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, onde esperam ser atendidos pelo governador Jaime Lerner.


Uma das principais reivindicações para o governo estadual é a criação do Fundo Público de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fundaf). "O Fundaf poderia receber receita de diversas áreas para apoiar o desenvolvimento da agricultura, capacitação do pessoal, financiamentos", diz o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), Antônio Lúcio Zarantonello.


Os manifestantes também vão solicitar ao governador Jaime Lerner que intervenha em favor de cerca de 20 a 23 famílias da região da Lapa e Contenda, que não conseguiram quitar financiamentos junto ao Banco do Brasil e Banestado e estão com leilão de suas terras agendado para o próximo dia 30. "É um absurdo que pequenos agricultores, que plantam feijão, milho, batata, corram o risco de perder suas terras, enquanto o governo socorre banqueiros, cooperativas e grandes empresários", diz Zarantonello.


Paralelamente à manifestação, os agricultores também pretendem se reunir com representantes de diversos órgãos. Às 9 horas está agendada reunião com a superintendência do Banco do Brasil. Além do problema da inadimplência dos agricultores, outro assunto em pauta será o Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf), cujos recursos ainda não foram liberados.


Na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), a Fetaep vai solicitar fiscalização da legislação trabalhista no meio rural. De acordo com Zarantonello, entre 80 a 90% dos trabalhadores no campo não têm carteira assinada. Outro problema refere-se às quase 65 mil pessoas que trabalham, entre maio e dezembro, no corte da cana-de-açúcar. O regime de trabalho atual prevê que a folga semanal desses trabalhadores só coincida com o domingo a cada sete semanas. "Esse esquema só vem contribuir para a desagregação familiar", afirma Zarantonello.

Os pequenos agricultores também esperam marcar uma reunião com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para pedir a agilização do assentamento de famílias na região Noreste do Estado. Hoje, 86 famílias já conseguiram regularizar a situação e estão assentadas em áreas no município de Querência do Norte. Mas ainda há um remanescente de cerca de 150 famílias na região, que vivem em situação precária, aguardando a desapropriação das terras.


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