Após um ano de ocorrência das maiores geadas dos últimos anos que dizimaram as culturas de inverno no Paraná, os produtores estão apostando na recuperação da produção. Este ano, eles plantaram uma área 9% maior em relação ao ano passado e se o clima não prejudicar o desenvolvimento das lavouras, a produção de grãos de inverno será 67% maior, conforme o relatório de safra divulgado ontem pelo Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral).
A área plantada com os cereais de inverno como trigo, aveia, centeio, canola e triticale deve atingir 1.135 mil hectares (ha). No ano passado, as mesmas culturas ocuparam 1.038 hectares. O crescimento da área, esse ano, foi alavancado pelo trigo, cuja expectativa de plantio foi reavaliada de 796 mil hectares para 840 mil hectares. Os produtores estão estimulados pelos preços mais rentáveis, em função da desvalorização cambial.
Com área maior, a expectativa de produção para o trigo é elevada para 2,39 milhões de toneladas, um crescimento de 67% sobre a produção do ano passado, que rendeu 894 mil toneladas. Cerca de 96% da cultura já está plantada, faltando apenas o plantio na região Centro Sul do Estado.
Conforme a engenheira agrônoma do Deral, Vera da Rocha Zardo, 21% da produção de trigo se encontram em fase sensível ao impacto das geadas. Daqui para frente, deve aumentar esse percentual, avisa. "Até o momento a cultura vem obtendo um bom desempenho, mas a ameaça das geadas preocupa", admite.
Em relação ao ano passado quase todas as culturas de inverno terão aumento de área. A cevada que ocupou 32 mil ha no ano passado, esse ano vai ocupar 41 mil ha. O trigo avança de 762 mil ha para 840 mil ha. A aveia branca, cujo plantio era de 37 mil ha no ano passado, ocupa 38 mil ha esse ano. E o plantio de aveia preta sobe de 116 mil ha, para 129 mil ha. A canola tem redução no plantio de 5 mil ha no ano passado para 3.700 ha esse ano.
Milho safrinha: Os técnicos de campo do Deral já estão identificando sintomas que a cultura foi afetada pelas geadas ocorridas em meados do mês de junho. Ainda não há levantamento de perdas e a técnica do Deral não acredita em perdas significativas, porque as áreas atingidas se concentram nas baixadas. O órgão mantém a expectativa de produção de 2,9 milhões de toneladas de milho.
O milho, ao contrário do trigo, à medida que avança o mês de julho vai escapando do risco das geadas. Isso porque a cultura entra em fase de maturação e resiste mais às baixas temperaturas. "Mas ainda boa parte da cultura se encontra em fase de floração e frutificação, que é sensível às geadas", avisa.