O Paraná deverá adotar a mesma estratégia utilizada em Santa Catarina e fixar preço para remuneração do produtor de milho para a próxima safra. O valor que a indústria se comprometeria a pagar aos agricultores ainda não foi discutido, mas há uma tendência de seguir o exemplo do estado vizinho, que teria fechado o preço em R$ 10,00 a saca, R$ 2,00 reais a mais em relação à cotação atual no mercado.
Ainda não há consenso entre os setores envolvidos na cadeia produtiva do milho. Eles estiveram reunidos ontem na sede da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) para discutir o assunto. Entre os presentes estavam avicultores, suinocultores, produtores, governo do Estado, Banco do Brasil e Ministério da Agricultura. Havia ainda representantes de Santa Catarina. Outra reunião será feita amanhã para que saia uma proposta mais concreta a ser levada, na próxima semana, para Brasília, onde haverá encontro com o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Morais.
Os produtores avaliam que os R$ 10,00 cogitados poderão não ser suficientes para impedir que haja perdas financeiras. As indústrias e as empresas, por outro lado, temem que o preço fique alto demais e comprometa seus rendimentos.
Algumas propostas foram apresentadas durante para o diretor do Ministério da Agricultura, Vilmondes Olegário. A Ocepar pediu para que o governo concorde com o lançamento imediato de contratos de opção. Outro pedido foi para desvincular o limite de financiamento, hoje de R$ 200 mil para o milho e de R$ 150 mil para a soja, para o produtor que planta as duas culturas. O diretor de Crédito Rural do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, disse que o banco tem recursos para aportar crédito para a indústria comprar milho antecipado.
O receio de todos é que a atual situação leve a uma decisão dos agricultores de trocar o plantio de milho pela soja, que está mais rentável no mercado. Enquanto uma saca de milho está sendo comercializada por R$ 8,69, uma saca de soja está cotada a R$ 22,00. O governo do Estado estima que haja uma redução entre 15% e 20% na área plantada. "Há grande risco de redução do plantio. A solução é a indústria antecipar uma garantia de compra", disse o secretário da Agricultura, Antonio Poloni.
Na última safra de verão, o milho foi plantado numa área de 1,8 milhão de hectares, o que resultou na colheita de 9,25 milhões de toneladas, ou seja, 26% da safra nacional de verão. A tendência de redução é em todo o País, o que poderá resultar na falta do produto para o próximo ano e na consequente importação. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, alerta para o risco de faltar milho. "A indústria terá de importar milho, o que poderá ficar muito caro", ressaltou Koslovski.