As exportações de milho começaram a reagir esta semana e já estão congestionando o Porto de Paranaguá. As filas de caminhões carregados com milho em direção ao porto atingiram 40 km na última quarta-feira. Com isso, o preço do milho que vinha desabando começou a reverter. Em Paranaguá, as cotações já superam R$ 18,00 a saca.
A euforia repentina na exportação de milho reflete o impacto da divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que prevê um recuo na produção de milho com a estiagem naquele País. Além disso, a Europa também tem quebra de safra em função da onda de calor que assola todo o continente.
A reversão nos preços do milho já está chegando ao produtor. O levantamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral) detectou aumento nos preços pagos ao produtor. Na segunda semana de agosto, o preço médio ao produtor foi de R$ 12,72 a saca, enquanto em meados desta semana, o preço médio evoluiu para R$ 13,24.
Leia mais:
IDR Paraná e parceiros realizam Show Rural Agroecológico de Inverno
Quebra de safra obriga Santo Antônio da Platina a cancelar Festa do Milho
Paraná: queda no preço de painel solar estimula energia renovável no campo
AgroBIT Brasil 2022 traz amanhã soluções tecnológicas para o agronegócio
No atacado, a saca de milho que estava por volta de R$ 13,00 na região Oeste do Paraná, no mês de julho, subiu para R$ 14,50 em meados desta semana, uma alta de 12,5%. O mesmo percentual refletiu em Paranaguá, onde são balizados os preços de exportação. A saca de milho era exportada por R$ 16,00 em julho e em meados desta semana, atingiu R$ 18,50.
O superintendente da Ocepar, Nelson Costa, confirmou a reversão que atingiu o mercado de milho. Há cerca de 15 dias, produtores se reuniram com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para pedir providências. O cenário era de pessimismo, lembrou.
A mudança foi feita pelo próprio mercado. De uma hora para outra, o mercado mudou e essa alta já chegou ao produtor. Segundo Costa, o produtor sentiu que a reversão o favorece e está vendendo o milho apenas de acordo com a necessidade. ''O produtor não está mais afoito como antes para vender o milho'', disse.
A agência Safras & Mercados, de Curitiba, prevê novo ''boom'' nas exportações de milho neste segundo semestre. A previsão é que as exportações de milho do Paraná devam atingir três milhões de toneladas este ano. Mas pelo rítmo das negociações, o analista Paulo Molinari não descarta que o volume exportado possa atingir 4 milhões de t.
Com essa reversão, dificilmente o governo vai lançar novos contratos de opção para compra de milho. Em junho, o preço médio pago ao produtor no Paraná caiu para R$ 12,92, que corresponde a uma queda de 35% sobre o preço médio em fevereiro deste ano, quando a cotação do milho ao produtor era de R$ 19,95.
Conforme análise de Molinari, os produtores e cooperativas que fizeram contrato de opção com o governo ainda vão preferir vender para o governo porque o preço do exercício varia de R$ 18,00 a R$ 20,30 a saca, valor que é competitivo com a exportação. A previsão é que os estoques de milho possam se recompor em torno de 1,7 milhão de t. Se todos os contratos de opção forem exercidos, o governo deve comprar 1,5 milhão de t.