Rural

Ministério age para controlar "doença da ovelha louca"

19 jan 2001 às 12:21

O Ministério da Agricultura decretou o "vazio sanitário" no município de Candói, região de Guarapuava, onde foi detectada a doença Paraplexia Enzoótica, em ovelhas. A decisão foi tomada no final da tarde de ontem, após inúmeras reuniões ocorridas em Brasília, informou o assessor de imprensa, Tito Matos. Como as informações estavam bastante desencontradas não foi possível detalhar por quanto tempo foi decretado o "vazio sanitário" e exatamente qual a dimensão desse decreto na Região Central do Paraná, onde predomina a criação de ovelhas. O estado tem um rebanho de aproximadamente 500 mil cabeças de raças especializadas em corte.

O "vazio sanitário" é uma medida adotada pelo Ministério da Agricultura, que prevê a eliminação total dos animais e a proibição de nova criação da mesma espécie num período determinado. A preocupação é evitar a reincidência da doença. Como não se pode fazer a desinfecção das propriedades rurais, o Ministério opta pelo "vazio sanitário", que é a eliminação de qualquer hospedeiro para o agente causador da doença, que acaba morrendo.


Todas as medidas sanitárias recomendadas num caso desse foram adotadas, disse Matos. A primeira foi a interdição da propriedade, a comunicação à Organização Internacional de Epizootias e aos países membros do Mercosul, o sacríficio dos animais e o estabelecimento do "vazio sanitário". Apesar dessas medidas, o Ministério não proibiu o consumo de carne ovina, por garantir que a doença não é transmissível ao homem.


Enquanto isso, o Ministério da Agricultura determinou um rastreamento de todos os animais descendentes dos animais importados dos Estados Unidos no início da década de 90. O objetivo dos técnicos é identificar esses animais e localizá-los. Essa medida sinaliza que não estão decartados novos abates de animais. Em 1985, já foi registrada a ocorrência dessa doença no município de Castro, quando foram sacrificados 300 animais.


O presidente da Associação de Criadores de Ovelhas Hampshire Down, Egon Antonio Torres Berg, está preocupado com o prejuízo que a doença pode provocar na raça. Os ovinos doentes de Candoi, que foram abatidos eram da raça Hampshire Down, que apresentaram pré-disposição para multiplicar os microrganismos. O laboratório Marcos Enrietti, da Secretaria da Agricultura continua fazendo os exames de cérebros dos animais aparentemente sadios, que foram sacrificados, para saber se a doença está incubada em alguns deles. Os exames estão sendo feito por amostragem. Como criador, Beg quer saber a verdadeira dimensão da doença e o impacto que tem na raça.

Para o médico veterinário da Federação da Agricultura do Paraná, Alexandre Jacewicz, a situação não é de pânico. Ele sustenta que a doença em ovinos não é transmissível ao homem e nem para bovinos. Além disso, os bovinos no Brasil são alimentados com pasto ou ração à base de milho e farelo de soja (proteína vegetal), que não provoca mutação no organismo do animal, ao contrário da Europa onde os animais eram alimentados com ração à base de proteína animal. Ou seja, era animal sustentanto animal, o que provocou a mutação.


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