O milho deve continuar com cotações aquecidas em 2003. A safra que começa a entrar no mercado em fevereiro promete ser um alívio para a avicultura e suinocultura, mas não o suficiente para esfriar as cotações do grão. Comenta-se no mercado que já estão contratadas exportações de 800 mil toneladas do grão para o ano que vem, operação que deverá enxugar o produto, num quadro que a oferta e demanda prevista para o ano que vem já está bem ajustado.
No mercado externo, o milho deverá ter demanda elevada porque segmentos como avicultura e suinocultura apontam para aumento de consumo nos países da Europa. Como o grão já adquiriu um padrão de exportação, seu preço passou a ser balizado em dólar e suas cotações seguem as oscilações do mercado externo, ao contrário do que existia em anos anteriores quando o milho era um produto típico de mercado interno e muitas vezes a produção encalhava no mercado, derrubando os preços pagos e provocando prejuízos aos produtores.
No Paraná quase toda a área prevista para a cultura, cerca de 1,42 milhão de hectares, já foi plantada, informou a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral), Vera da Rocha Zardo. Segundo ela, depois do susto provocado pela estiagem no Norte do Estado, onde muitos municípios ficaram sem chuvas por mais de 30 dias, a cultura está em pleno desenvolvimento em quase todas as regiões do Estado. As chuvas estão regulares e estão beneficiando o crescimento das plantas.
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Se o clima continuar como está, dentro de 40 dias, a cultura começa a se consolidar em alguns municípios da região de Francisco Beltrão, a primeira que deve ofertar o produto no mercado. Depois de Francisco Beltrão, deve entrar a produção de Campo Mourão e Ponta Grossa. A produção no Estado deve render 7,2 milhões de t, inferior ao do ano passado. Daí a preocupação com o abastecimento, que fica dependente do desempenho da safrinha do ano que vem, disse a técnica.
Para o analista econômico da Ocepar, Marcelo Balk, o preço do milho começou a recuar no mercado, mas a tendência para 2003 é de manutenção de preços em alta. Segundo ele, o ano que vem só não vai ganhar dinheiro quem não plantar, porque a tendência para soja, milho e trigo são de preços bons.
Apesar disso, Balk acredita que os preços do milho podem recuar um pouco no preço em 2003 se o governo adotar medidas que já estão sendo comentadas no mercado. Entre elas, a decisão de derrubar a TEC (Tarifa Externa Comum), de 9,5% para 2%.
A TEC é a alíquota imposta aos países do Mercosul quando querem importar produtos de outros países, não enquadrados pelo bloco econômico. Com a redução da TEC, a tendência é de recuo nas cotações porque as importações podem ficar mais baratas. ''Mas nem tanto, porque o milho se transformou num produto valorizado no mercado externo'', destacou.