A alta nos preços do milho e do trigo refletiu também no preço da mandioca. A raiz valorizou 30% no último mês, no Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). O aumento resulta do crescimento da demanda.
De acordo com Maurício Yamakawa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), a procura pelo produto aumentou porque a fécula está substituindo os amidos derivados de grãos na industrialização do biscoito, do macarrão e pela indústria da panificação.
Ele informou ainda que a demanda é crescente desde março. Antes desse período, o mercado consumia 50 mil toneladas de fécula por mês. Atualmente, a demanda é de 80 mil toneladas mensais. Como a produção nacional de 60 mil toneladas/mês não aumentou, o produto está faltando. Outro fator que influenciou foi a escassez de farinha de mandioca no Nordeste do País. ''Os consumidores nordestinos vieram buscar o produto no Paraná'', explicou.
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Yamakawa também afirmou que a valorização no preço da mandioca é maior que o estimado pela Seab. ''No início de outubro a mercadoria custava R$ 45 e hoje está em R$ 80. O aumento é de 77%'', disse.
Para o presidente da Abam, a alta na cotação da matéria-prima é benéfica para todo o setor. ''Remunera melhor o produtor e vai gerar aumento sustentável da produção'', disse. O aumento de preço já foi repassado para o varejo. ''Apesar do encarecimento, o consumo não diminuiu porque o preço estava exageradamente baixo.''
As fecularias brasileiras devem produzir 750 mil toneladas de amido este ano. ''Toda essa produção será comercializada, não haverá excedente'', acredita. Com o incremento na utilização da fécula de mandioca em substituição ao trigo, o setor espera crescimento no consumo de R$ 150 mil toneladas anuais. ''Queremos que esse crescimento seja planejado para não onerar nenhum dos elos da cadeia. Nossa intenção é dar garantias ao produtor'', afirmou.
Os associados da Abam estão otimistas com relação ao novo presidente do País, Luis Inácio Lula da Silva. De acordo com Yamakawa, como Lula enfatizou a substituição de importações durante a campanha, deve apoiar o projeto de lei do deputado Aldo Rabelo (PCdoB/SP), em discussão na Câmara, que prevê a adição de derivados da mandioca à farinha de trigo. ''É segunda maior conta brasileira de importação. O País gasta U$ 1 bilhão por ano para comprar trigo do mercado externo'', relatou.