Os fabricantes de adubos e fertilizantes já estão repassando a alta do dólar no preço dos principais produtos que serão utilizados no plantio da safra de verão 2001/2002. Com isso, os agricultores já encontrarão os preços majorados quando forem fazer as primeiras compras a partir de julho para a plantar a safra de verão, informou Flávio Turra, assessor econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
As cooperativas e as casas de revendas de insumos estão negociando os preços com os fabricantes e já sentiram o peso da variação cambial. A alta nos preços dos fertilizantes, cuja composição de matéria-prima importada atinge até 80%, deveria ficar em torno de 23%, mas os fabricantes estão repassando entre 12% a 15% de aumento médio em relação ao ano passado.
A alta no preço dos fertilizantes está sendo agravada pela falta de estoques nas revendas, em função da venda aquecida desses produtos no ano passado. Enquanto isso, o preço dos agrotóxicos (inseticidas, herbicidas e fungicidas) não foi reajustado porque a demanda por estes produtos ainda não começou. A tendência do produtor é somente comprar esses produtos em grande escala se a lavoura tiver problemas de doenças e ataque de pragas, observa a engenheira agrônoma Vera da Rocha Zardo, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
Turra disse que as cooperativas e o comércio ainda têm estoques remanescentes de agrotóxicos do ano passado e por isso resistem em repassar o aumento que vem por aí, já sinalizado pelos fabricantes. Fala-se em até 15% de aumento no preço dos agrotóxicos, adianta Turra.
Turra diz que os custos de produção da próxima safra de verão serão bem mais elevados que os custos da safra passada. Isso certamente vai provocar impacto no tamanho do plantio. O técnico estima que haverá um recuo no plantio de milho, cuja comercialização depende mais do mercado interno. E certamente haverá um incremento na produção de soja, que é uma commoditie dolarizada, e certamente o produtor também vai se valer dos efeitos da variação cambial na hora da comercialização.
Este ano, especificamente o milho teve valorização no mercado interno, por causa das exportações do produto que acabaram sustentando o preço no mercado interno. O produtor recebeu em média R$ 7,40 a saca, também porque o câmbio ficou valorizado. Não fosse isso, o produtor estaria recebendo em torno de R$ 6,00 a saca porque este ano foi de safra cheia, diz Turra.
E o produtor de soja, que está recebendo em torno de R$ 18,00 a saca, vem sendo beneficiado pela valorização do câmbio, já que no mercado externo as cotações do produto estão abaixo do ano passado. A tendência é que na próxima safra, os custos de produção sejam mais elevados para as grandes commodities que consomem mais fertilizantes como soja, milho, trigo e algodão.
Na avaliação de Vera Zardo, o peso sobre os custos de produção na próxima safra será determinado pelo câmbio, mesma situação enfrentada no plantio da safra 1999/2000, que sofreu impacto da desvalorização cambial. Na safra passada, o que mais pesou nos custos de produção foram o aumento dos combustíveis, frete e mão-de-obra.