Os moageiros vão voltar à carga para negociar a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para 2003. Está é a única forma de reduzir os custos com a importação, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Roland Guth. Segundo o empresário, o preço do trigo está muito elevado em função do câmbio e da redução dos estoques mundiais e a alternativa para reduzir esses custos é eliminar os entraves à importação, justificou.
Guth adiantou que o setor vai se empenhar junto à equipe do novo governo federal para reduzir a TEC, que é de 11,5%. Essa tarifa foi imposta no acordo do Mercosul para importação de produtos fora dos países membros. No caso do trigo, ficou estabelecido que a importação é livre entre os países do bloco econômico porque o produto é produzido por um dos países membros, no caso a Argentina. Para importar o trigo de outros países como Estados Unidos, Canadá e Leste Europeu o importador brasileiro tem que recolher a alíquota correspondente à TEC ao governo, o que encarece a operação.
Para o presidente da Abitrigo se houver redução da TEC e a importação de outros países ficar mais barata, certamente a Argentina também vai acompanhar as cotações, porque não interessa para ela perder um importador do Brasil. Este ano o Brasil deve importar 7,5 milhões de toneladas, volume que corresponde a 75% do consumo nacional.
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Os moinhos nacionais estão com dificuldades de importação. ''Não há problemas de abastecimento'', salientou Guth, ''mas os moinhos lutam com dificuldades com a carência de linhas de crédito e com os altos custos da operação'', acrescentou. A Abitrigo não constatou redução no consumo, que está estimado em 10 milhões de toneladas ao ano. ''Mas se está havendo aumento da população, certamente o consumo também deveria crescer o que não está acontecendo'', argumentou.
Conforme levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o trigo no mercado internacional está cotado entre US$ 175 e US$ 180, sem os custos do frete. ''Tem trigo disponível no mundo para o abastecimento, mas o fato é que ele está muito caro porque aumentou o consumo e os estoques caíram'', explicou Flávio Turra, assessor econômico da Ocepar.
No mercado interno, a situação também é de frustração. A safra paranaense, responsável por 60% da produção nacional, que prometia uma produção de 2,45 milhões de toneladas vai resultar em 1,48 milhão de toneladas, ou seja uma frustração de 40%, arrematou o técnico do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral), Otmar Hubner. Segundo ele, só nessa perda houve a redução de 970 mil toneladas, volume superior ao consumo anual estimado para o Paraná que é de 800 mil toneladas, aproximadamente.
Com preços altos no mercado externo e escassez de trigo no mercado interno, o produto está sendo cotado entre R$ 680,00 a R$ 720,00 a tonelada no atacado. Segundo Turra, a tendência da cotação no mercado interno é acompanhar a cotação internacional. Em função disso, os produtores estão parcelando as vendas. Cerca de 40% da produção nacional já foram vendidos e o restante deverá ser vendido a partir de fevereiro de 2003, depois que passar o período de safra da Argentina, que vai de dezembro a fevereiro.