O ouvidor agrário nacional Gercino José da Silva Filho não conseguiu fechar um acordo para a compra da Fazenda Água da Prata, no município de Querência do Norte (113 km de Paranavaí). O imóvel, onde no ano passado morreu o trabalhador sem-terra Sebastião da Maia, é considerado pelo ouvidor como um dos "emblemáticos do conflito agrário no Paraná". No encontro, líderes do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reclamaram que essa demora pode inviabilizar o plantio dos trabalhadores.
As negociações para aquisição da Água da Prata estão emperradas desde fim do ano passado. A dificuldade do Incra é quanto ao preço e forma de pagamento. Como a terra foi considerada produtiva por laudos do Incra, os proprietários do imóvel, que hoje está desocupado, querem que paguem a maior parte da indenização em dinheiro. Mas, pelas regras do Incra, os pagamentos em sua maioria são feitos com Títulos da Dívida Agrária (TDA).
De acordo com as lideranças do MST, 93 famílais estariam esperando a regularização do imóvel para plantar. Por causa da demora, alguns ameaçam invadir o local de volta para plantar. "Se invadirem, não será feito o assentamento na região", avisou Gercino Silva Filho. Ele prometeu encontrar uma solução para a fazenda dentro de 15 dias.
Durante a negociação com o ouvidor, os sem-terras também colocaram na mesa uma lista que incluiu 23 áreas ocupadas, onde vivem 2,5 mil famílias. Porém, não fechado nenhum cronograma para o assentamento dessas pessoas.