É possível reduzir a dependência do farelo de soja na composição da ração concentrada sem prejuízo da qualidade da ração. Estudos mostram que não há perda na produtividade nem no teor de gordura do leite. O substituto que reúne essas vantagens é o tremoço branco (Lupinus albus), leguminosa conhecida na região Sul como adubo verde. O seu emprego na ração animal, porém, resulta de pesquisa recente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
A opção de usar tremoço branco na ração vem em momento crucial para os pecuaristas. A redução da safra norte-americana causou elevação de preço no mercado da soja e seus derivados. As informações sobre a viabilidade técnica e econômica do tremoço branco foram dadas durante o dia de campo "Produção de carne bovina com animais cruzados", realizado na estação experimental do Iapar em Joaquim Távora (Norte Pioneiro), na semana passada. O evento técnico apresentou outros resultados em manejo de pastagens, sistemas de cruzamentos e desempenho, em confinamento, de mestiços Caracu-Nelore.
VANTAGENS - O pesquisador José Lázaro da Rocha mostrou as vantagens econômicas da opção pelo tremoço branco, quando é produzido na propriedade. Ele citou outros países que usam tremoço, como a Austrália, que tem alta tecnologia em pastagem e manejo de gado. Este é o país que mais produz tremoço branco, cerca de um milhão de toneladas, em mais ou menos um milhão de hectares. Do total colhido 30% são usados na alimentação de gado de corte e gado de leite; ovinos e suínos. O excedente é exportado.
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"Tradicionalmente, os segmentos carne e leite do agronegócio paranaense têm sido muito dependentes do farelo de soja. No momento, o alto preço desse ingrediente tem tirado o sono dos produtores, diminuído o lucro e até mesmo causado prejuízos", comentou José Lázaro.
De acordo com o pesquisador, diante do risco de depender de uma única fonte de proteína, a estação experimental do Iapar em Joaquim Távora faz a substituição parcial do farelo de soja pelo tremoço branco no concentrado para bovinos. Nesta fase estão sendo testadas a aceitabilidade e a proporção de inclusão segura, uma vez que ele tem baixo teor de alcaloides, o que confere sabor amargo ao grão.
Também participaram do dia de campo os especialistas Simony Bernardo Lugão (manejo de pastagens para gado de corte e leite), Daniel Perotto (maciez da carne em cruzamentos entre raças zebuínas e taurinas) e João Edino Del Antonio (tremoço como adubo verde e produção de grãos), todos do Iapar.