A variedade de maçã IPR Julieta é a mais nova conquista do programa de pesquisa em fruticultura do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Seu grande diferencial é a menor exigência em frio, se comparada com outras cultivares disponíveis no mercado. "A macieira é uma planta de clima temperado, e necessita um certo número de dias com baixa temperatura para florescimento e produção de frutos", explica o pesquisador Roberto Hauagge, que trabalhou no desenvolvimento do novo material.
De acordo com o pesquisador, IPR Julieta tem como principal objetivo servir de polinizadora para a variedade IAPAR 75-Eva, lançada em 1999 e atualmente disseminada em zonas produtoras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até Bahia.
IPR Julieta exige acúmulo de 300 a 450 unidades de frio para a quebra natural de dormência (os pesquisadores chamam de unidade de frio o número de horas abaixo de sete graus). Para uma idéia, a variedade Gala, das mais plantadas, necessita de 1.200 horas.
A nova cultivar é adaptada para plantio nas regiões centro-norte e sul do Paraná, em propriedades onde o inverno não oferece frio suficiente para viabilizar a produção. Em avaliações da pesquisa, também vem apresentando bom desempenho nas regiões sul e sudeste do País, em áreas com essas mesmas condições de horas frias. No aspecto doenças, IPR Julieta é resistente à mancha-foliar-da-macieira e sofre pouco ataque de oídio, sarna e ácaros, conforme Hauagge.
O florescimento de IPR Julieta ocorre de três a cinco dias depois da cultivar IAPAR 75-Eva. Precoce, leva cerca de 112 dias do florescimento à colheita nas condições do centro-sul do Paraná, onde dá frutos de meados de dezembro a meados de janeiro. São maçãs de bom aspecto comercial, com tamanho médio acima de 150 gramas e sabor doce, levemente acidulado. A produtividade pode superar 35 toneladas por hectare. A IPR Julieta será lançada oficialmente no início do próximo ano.