Entre os muitos desafios que a cafeicultura paranaense tem pela frente está o combate ao nematoide, parasita que afeta toda região cafeeira do estado. Para controlá-lo, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) lançou a IPR 100, a primeira cultivar de café arábica resistente ao nematoide M. paranaensis sem a necessidade de enxertia. O lançamento faz parte das comemorações dos 40 anos do Iapar, que acontece na próxima sexta-feira (29).
A nova variedade foi desenvolvida a partir do melhoramento genético tradicional e faz parte dos esforços da instituição em buscar alternativas de controle do parasita sem a necessidade de aplicação de agroquímicos. Esses produtos encarecem o custo para o agricultor e podem contaminar o solo e o lençol freático, porque os nematoides vivem nas raízes das plantas. Em outro estudo realizado em laboratórios do Iapar, uma equipe de pesquisadores reduziu em 88% a reprodução do nematoide, usando fungos micorrízios e nematófogos, outra iniciativa inédita.
Segundo o pesquisador do Iapar Tumoro Sera, a IPR 100 ser resistente não quer dizer que ela seja totalmente imune ao parasita. "É preciso fica atento para não introduzir novos nematoides por mudas de plantas, veículos ou ferramentas e água ou solos infestados, pois anula a resistência das cultivares". Ele ainda alerta que existem mais de sete nematoides que parasitam o café no Brasil e outros no exterior. O local da propriedade que, para Sera, precisa de atenção é o pátio de carregamento do viveiro, onde geralmente chega a doença.
QUENTES – O pesquisador diz que a IPR 100 é indicada preferentemente para regiões quentes com temperatura média anual acima de 21,5 graus, principalmente o Noroeste, onde a presença do nematoide é mais frequente. "Nas regiões cafeeiras mais frias, a nova cultivar é indicada com restrições para áreas menos sujeitas às geadas de início de inverno", explica. Ainda segundo o pesquisador, a variedade pertence ao grupo de maturação supertardia. "Ela permite redução de custos e os riscos de chuva na colheita com a colheita escalonada entre abril e junho nas regiões mais quentes e entre junho e agosto nas regiões mais frias".